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Autor: Eduardo Fagundes

  • Fintechs e Retail techs são as primeiras a se beneficiar das Dapps

    Fintechs e Retail techs são as primeiras a se beneficiar das Dapps

    As Fintechs e as Retail techs usando Blockchain devem investir em aplicações distribuídas para aumentar a disponibilidade e segurança. Está mais do que provado que sistemas com bancos de dados centralizados são ineficientes, pouco seguros e caros, independentemente, se estão em datacenters corporativos ou em Cloud Computing. Por outro lado, aplicações distribuídas usando bancos de dados distribuídos, como Blockchain, são mais resilientes, transparentes e devem mudar o cenário tecnológico nos próximos anos.

    No dia 7 de maio de 2018, uma segunda-feira, os clientes do aplicativo do Banco Itaú ficaram sem acesso gerando enormes transtornos. A orientação do banco foi ir até uma agência ou usar o serviço por telefone. Difícil imaginar uma instituição com gigantescos recursos computacionais e pessoal especializado pudesse passar por tal situação. O banco não emitiu nenhum “Fato Relevante”, típico de empresas no mercado de ações, para explicar o que aconteceu. Podemos inferir que foi algo bastante grave, pois os procedimentos de retorno não funcionaram.

    Imagine se as informações dos clientes estivem em replicados em vários bancos de dados em diferentes datacenters (não apenas no datacenter de backup do banco) usando tecnologia Blockchain. Simplificando, blockchain é um “livro de registros” organizado em “blocos” que são ligados por validação criptográfica, em um armazenamento digital consensual. Este “livro de registros” não é armazenado em um único local e nem gerenciado por uma única entidade. O sistema de validação de bloco faz com que novas transações sejam adicionadas irreversivelmente e transações antigas sejam preservadas para sempre para todos, daí a transparência e resiliência. O software de código aberto que aproveita a tecnologia é chamado de Dapps.

    Com o tempo teremos definições melhores para as Dapps, por enquanto, vamos definir suas principais características: código aberto, execução descentralizada, devem ser recompensados de acordo com os tokens criptográficos e terem um protocolo com um algoritmo criptográfico aceito pela comunidade (como o PoW do Bitcoin).

    No Blockchain, usamos contratos inteligentes, os Smart Contracts, implementados através do Ethereum, uma plataforma de software aberta que permite o desenvolvimento de aplicativos descentralizados. Um Smart Contract no ambiente do Blockchain executa, automaticamente, um processo quando condições específicas são atendidas. Esta automação elimina qualquer possibilidade de censura, tempo de inatividade, fraude ou interferência de terceiros.

    Um aplicativo descentralizado (Dapp), desenvolvido com Ethereum, serve a algum propósito particular para seus usuários. O Bitcoin, por exemplo, é um Dapp que fornece aos seus usuários um sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer que permite pagamentos on-line do Bitcoin. Como os aplicativos descentralizados são compostos de código executado em uma rede blockchain, eles não são controlados por nenhuma entidade individual ou central.

    O uso de Blockchain privados restringem a capacidade de uso de banco de dados distribuídos, eliminando algumas vantagens da tecnologia. O uso de consórcio, onde apenas um número pré-selecionado de nós está autorizado a gravar e ler dados, como na compensação bancária, pode ser uma boa alternativa para aumentar a segurança.

    Apesar de trazer uma série de benefícios, os aplicativos descentralizados não são perfeitos. A partir de um erro no código de um aplicativo pode ser difícil conter um ataque de hackers. Para minimizar esta fraqueza, intrínseca ao desenvolvimento de software por humanos, é necessário aplicar testes exaustivos nos programas.

    Da mesma forma que as Fintechs, as Retail Techs podem se beneficiar dos benefícios dos aplicativos descentralizados com Blockchain.

    A indústria e varejistas já utilizam Blockchain para monitorar a origem, pontos de beneficiamento e logística de distribuição dos produtos. A distribuição destes dados garantiria maior segurança e alta disponibilidade dos serviços.

    Cada vez mais o uso de novas tecnologias irá distinguir as empresas e a sua competitividade no mercado.

  • Como será o trabalho na era das máquinas inteligentes?

    Como será o trabalho na era das máquinas inteligentes?

    Será que os seres humanos se tornarão, economicamente, tão irrelevantes como os cavalos? Neste caso, como ficará nossa autoestima e a organização da nossa sociedade?

    As máquinas e sistemas com inteligência artificial executarão a maioria das formas de trabalho melhor do que as pessoas e a um custo muito menor. Isto devido ao grande avanço do poder computacional, a replicabilidade sem custo do software e o rápido desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial.

    Este futuro não virá de forma uniforme. Alguns serão afetados mais cedo que outros. Veremos, como no passado, o deslocamento de trabalhadores para outras atividades.

    As tecnologias de Big Data, IoT (Internet of Things) e Blockchain reduzirão as tarefas físicas de coleta de dados e atividades previsíveis. Os trabalhadores com menores remunerações e baixa formação educacional serão os mais afetados. Os setores de transporte, manufatura, serviços hoteleiros e de alimentação estão na lista dos mais vulneráveis.

    Enfrentaremos o “paradoxo da produtividade” – inovação rápida e baixo crescimento da produtividade – que pode ser explicado pela mudança dos empregos relativamente bem remunerados em setores de crescimento de produtividade rápida por empregos de salários relativamente baixos em setores de baixa produtividade.

    Infelizmente, este cenário sugere o crescimento da desigualdade e baixo crescimento da produtividade média. É provável que vejamos o crescimento das chamadas “atividades-zero”, ou seja, aquelas atividades bem pagas, porém que não contribuem para o bem-estar social, como lobistas, intermediários e advogados tributaristas.

    Os empreendedores digitais podem desfrutar de uma grande quantidade renda explorando as “atividades-zero”.

    Este cenário prospectivo indica que no médio prazo teremos um lento crescimento da produtividade e agravamento da desigualdade. Cenário inconsistente com democracias estáveis, resultando no agravamento da política e abrindo espaço para a plutocracia ou autocracia populista ou uma mistura delas. Se a automação tornar os seres humanos economicamente irrelevantes, os desafios serão ainda mais radicais.

    A sociedade terá que subsidiar os trabalhadores inempregáveis através de serviços públicos de qualidade, principalmente nas áreas de saúde, educação e transporte. Possivelmente, as empresas mais automatizadas terão que pagar mais impostos. As cidades terão que ser muito mais inteligentes para poder beneficiar os cidadãos.

    No longo prazo as pessoas deverão enfrentar ainda mais desafios existenciais, se as máquinas inteligentes permitirem. Como eles irão organizar a sociedade em um mundo com poucas pessoas economicamente produtivas? Embora isto esteja distante, temos que começar a pensar agora. O desafio será grande.

  • O modelo de negócio multicloud ganha força

    O modelo de negócio multicloud ganha força

    Participei do AWS Summit 2018 em São Paulo e foi curioso encontrar stands de seus principais concorrentes, como: Tivit, UOLDiveo, Equinix e Mandic. Curioso, mais inteligente. Se não consegue concorrer, alie-se. O modelo de negócio destas empresas passa a ser multicloud, a deles com o da AWS, Google Cloud, Microsoft, IBM Cloud, Alibaba e outras. Isto abre oportunidades para startups criarem serviços de datacenters virtuais, focando em serviços especializados, como configuração e monitoração. Contratando uma grande quantidade de recursos, e obtendo descontos significativos, podem oferecer serviços para pequenos clientes com preços mais atrativos que os próprios provedores de datacenters.

    Os serviços de Cloud Computing concentraram-se em poucas empresas de datacenters. A AWS, Microsoft e Google representam 55% do mercado de Cloud Computing. No primeiro trimestre de 2018, a AWS ficou com 33%, a Microsoft com 13%, a IBM com 8%, a Google com 6% e o Alibaba com 4%.

    Comparando o primeiro trimestre de 2017 com o de 2018 houve um aumento de 46,8% da receita, de US$11,5 bilhões para US$16,9 bilhões.

    As vantagens do uso de Cloud Computing são claras e dificilmente, hoje, alguém conseguiria uma lista de desvantagens para inviabilizar um projeto corporativo. Uma pesquisa global realizada pela Google em parceria com o MIT SMR Custom Studio, com mais de 500 tomadores de decisão da área TI, apontou que três entre cada quatro entrevistados estão mais confiantes na segurança da nuvem. A pesquisa apontou que 45% acreditam que agilidade, segurança e velocidade são os principais benefícios da nuvem.

    O armazenamento de dados ainda é a maior carga de trabalho na nuvem, principalmente, com a projeção de crescimento de aplicações de Machine Learning e Deep Learning (redes neurais). Quase impossível viabilizar aplicações de IoT (Internet of Things) fora de um ambiente de nuvem.

    A migração de aplicações corporativas on-premises (computadores dentro das empresas) para a nuvem é inevitável. Exceções a algumas aplicações de missão crítica hospedadas em micro datacenters.

    Este movimento cria enormes oportunidades para startups com superespecialistas em áreas especificas e uso intensivo de inteligência artificial para monitoração e controle do ambiente computacional. A exemplo das MVNO (Mobile Virtual Network Operator), onde uma operadora de celular usa a infraestrutura de uma grande operadora para oferecer serviços especializados. Uma MVNO compra grandes volumes minutos e acessos com descontos significativos e revende, com serviços agregados ou não, para pequenos clientes com preços atraentes, repassando parte do desconto conseguido.

    O mesmo pode ocorrer em serviços de Cloud Computing. Um dos possíveis negócios seria criar uma central de controle 24×7 e, essencialmente, vender serviços de configuração, controle e monitoração para as aplicações dos clientes. Este serviço seria mais atrativo utilizando o conceito de multicloud com diferentes provedores. Automaticamente, atenderia o “compliance” de ter diferentes infraestruturas e fornecedores para planos de continuidade de negócios.

    Possivelmente, em futuro breve teremos centenas de provedores de Cloud Computing especializados usando a infraestrutura das três ou quatro maiores provedores de nuvem global. Se destacará quem oferecer o melhor serviço, uma vez que a infraestrutura será cada vez mais robusta e homogênea entre os provedores.

  • Como avaliar a eficiência dos investimentos de TI nas organizações

    Como avaliar a eficiência dos investimentos de TI nas organizações

    Um estudo da IT Mídia com 1000 líderes de TI aponta que, em 2018, 66% projetam crescimento no orçamento de TI, onde 32% afirmam ser superior a 10%. Em 2017, 58% afirmaram que houve aumento no orçamento de TI. Alguns CIOs afirmam que os investimentos estão atrelados aos projetos das áreas de negócios, o que é lógico já que a TI é uma área “enabling” nas organizações. A questão é como avaliar a eficiência dos investimentos de TI nos projetos das empresas.

    No novo cenário da economia, tomar riscos calculados é uma das características dos líderes. Aparentemente, os líderes de TI tradicionais são avessos a riscos. Se protegem atrás dos muros do “compliance” dos frameworks ITIL, Cobit e ISO27.000. Esta postura tem um impacto significativo nos custos, sejam de OPEX ou CAPEX. Manter uma opção de uso de um software proprietário, alegando que em “time que está ganhando não se mexe”, ao invés de usar softwares livres, reduz a eficiência dos investimentos de TI nos projetos.

    Manter a opção de data center corporativos, alegando que Cloud Computing, ainda não é uma opção para os seus complexos sistemas corporativos, é uma desculpa para não abrir que os sistemas legados são mal estruturados, que não existe documentação e que não sabem como encontrar uma solução melhor para atender as demandas das áreas de negócios.

    Acredito que uma característica importante dos novos líderes é ser “conector”, ou seja, entender uma nova tecnologia e encontrar uma aplicação prática para alavancar novos negócios nas empresas. Os CIOs devem pelo menos ter duas características fortes: tomar riscos calculados e ser conector. Estas duas características ajudam a materializar a visão de futuro da empresa mais rapidamente.

    Um líder conector depende de fornecedores. Dificilmente, existem especialistas em novas tecnologias dentro da empresa. Logo, o relacionamento com os fornecedores deve ser o mais próximo possível. Trabalhar com fornecedores do modo antigo, usando RFPs para discutir preço não é uma das melhores maneiras para introduzir novas tecnologias nas empresas. Os fornecedores estratégicos devem fazer parte da solução e assumir riscos calculados, incluindo impacto na receita, nos projetos nas empresas. Aqui temos enormes desafios, nos dois lados.

    Para avaliar a eficiência dos investimentos de TI nas organizações uma das alternativas é trabalhar, colaborativamente, com outras empresas do setor, através de benchmarking.

    Fazer benchmarking com meus concorrentes é possível? Sim. Eu mesmo já fiz um benchmarking na fábrica da FIAT em Betin (MG) quando trabalhava na Ford. Depois, eles fizeram na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP). Existem regras bem definidas para estes benchmarkings, incluindo nos acordos formais entre as empresas.

    Outra alternativa, é a inovação aberta. Como funciona? A empresa cria um desafio descrevendo, detalhadamente, o problema a ser resolvido e envia para startups, empresas júniores, Universidades ou Centros de Pesquisas para buscar soluções “fora da caixa” para resolver o problema. As propostas são comparadas com a solução criada internamente e avalia-se qual é a mais eficiente. A vantagem desta alternativa é que se estimula a criatividade dos especialistas internos na busca de soluções não padronizadas e que desafiem o “compliance”.

    A pergunta para os CIOs não deve ser “quanto você projeta crescer seus investimentos em TI?” e sim “quanto de eficiência você projeta nos seus investimentos em TI?”.

    O uso do Custeio ABC para TI auxilia na estratégia para aumentar a eficiência dos investimentos. Veja o artigo sobre Custeio ABC para TI que postei anos atrás: Um Modelo de Custeio ABC para TI.