Como será o trabalho na era das máquinas inteligentes?

Será que os seres humanos se tornarão, economicamente, tão irrelevantes como os cavalos? Neste caso, como ficará nossa autoestima e a organização da nossa sociedade?

As máquinas e sistemas com inteligência artificial executarão a maioria das formas de trabalho melhor do que as pessoas e a um custo muito menor. Isto devido ao grande avanço do poder computacional, a replicabilidade sem custo do software e o rápido desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial.

Este futuro não virá de forma uniforme. Alguns serão afetados mais cedo que outros. Veremos, como no passado, o deslocamento de trabalhadores para outras atividades.

As tecnologias de Big Data, IoT (Internet of Things) e Blockchain reduzirão as tarefas físicas de coleta de dados e atividades previsíveis. Os trabalhadores com menores remunerações e baixa formação educacional serão os mais afetados. Os setores de transporte, manufatura, serviços hoteleiros e de alimentação estão na lista dos mais vulneráveis.

Enfrentaremos o “paradoxo da produtividade” – inovação rápida e baixo crescimento da produtividade – que pode ser explicado pela mudança dos empregos relativamente bem remunerados em setores de crescimento de produtividade rápida por empregos de salários relativamente baixos em setores de baixa produtividade.

Infelizmente, este cenário sugere o crescimento da desigualdade e baixo crescimento da produtividade média. É provável que vejamos o crescimento das chamadas “atividades-zero”, ou seja, aquelas atividades bem pagas, porém que não contribuem para o bem-estar social, como lobistas, intermediários e advogados tributaristas.

Os empreendedores digitais podem desfrutar de uma grande quantidade renda explorando as “atividades-zero”.

Este cenário prospectivo indica que no médio prazo teremos um lento crescimento da produtividade e agravamento da desigualdade. Cenário inconsistente com democracias estáveis, resultando no agravamento da política e abrindo espaço para a plutocracia ou autocracia populista ou uma mistura delas. Se a automação tornar os seres humanos economicamente irrelevantes, os desafios serão ainda mais radicais.

A sociedade terá que subsidiar os trabalhadores inempregáveis através de serviços públicos de qualidade, principalmente nas áreas de saúde, educação e transporte. Possivelmente, as empresas mais automatizadas terão que pagar mais impostos. As cidades terão que ser muito mais inteligentes para poder beneficiar os cidadãos.

No longo prazo as pessoas deverão enfrentar ainda mais desafios existenciais, se as máquinas inteligentes permitirem. Como eles irão organizar a sociedade em um mundo com poucas pessoas economicamente produtivas? Embora isto esteja distante, temos que começar a pensar agora. O desafio será grande.