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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • O desafio não é ter dados para análise e sim quem as fará

    O desafio não é ter dados para análise e sim quem as fará

    Em tempos de crise econômica e novos entrantes roubando parcelas de participação de mercado, a saída é usar intensivamente inteligência nos negócios. Conhecendo o comportamento dos consumidores é possível criar estratégias para focar no que é importante e ser mais eficaz. Um anúncio no Google Adwords pode ser mais eficiente do que ficar ligando para consumidores sem conhecer seu perfil. Devemos acompanhar a evolução dos clientes e oferecer produtos e serviços alinhados a cada momento de sua vida. Ferramentas de BI (Business Intelligence) e Big Data são excelentes para descobrir tendências e comportamentos dos consumidores. Hoje com a abundância de dados disponível, usando redes sociais ou dados públicos, é possível montar uma excelente estrutura de inteligência de mercado. Entretanto, o grande desafio é encontrar as pessoas certas para fazer essas análises.

    Sabemos que as pessoas possuem dominâncias cerebrais (analíticas, experimentais, controladoras e relacionais) que se bem usadas aumentam, significativamente, a produtividade pessoal e das equipes. Também sabemos que as pessoas possuem filtros que as impedem de enxergar e interpretar algumas informações. Obviamente, para analisar o significado dos dados é necessária qualificação em estatística e conhecimento do negócio.

    Uma pesquisa sobre alfabetização mostrou que hoje o Brasil tem 4% de analfabetos, porém se unirmos aqueles que só sabem ler o letreiro dos ônibus, esse número chega a 27%. Dos 73% que sabem ler e escrever, 65% tem algum nível de dificuldade. Com isso, sobrou 8% dos brasileiros que tem os melhores índices de alfabetização. Os profissionais que se destacam estão nas áreas de comunicação, artes e cultura com 26% e administração pública com 18%. As áreas de saúde e educação os índices também são bons, porém deveriam estar no topo da lista.

    Dada a escassez de profissionais qualificados para análises, só as grandes empresas acabam tendo condições para montar estruturas eficientes de inteligência de mercado, com ferramentas apropriadas. Isso acaba reduzindo as chances das pequenas e médias empresas de aperfeiçoar suas técnicas de relacionamento com os clientes e vendas.

    A falta de tempo das pessoas reduz a eficácia das pesquisas de campo tradicionais. Outro dia na saída de uma loja de material de construção fui convidado a responder uma pesquisa, declinei depois de saber que levaria mais de 10 minutos.

    As ferramentas e os dados estão disponíveis, muitas vezes com softwares gratuitos e os dados estão disponíveis nas redes sociais, dados sobre os seguidores da página da sua empresa no Facebook, por exemplo. Dados públicos do IBGE e dos órgãos públicos também, inclusive garantidos pela Lei de Acesso a Informação.

    O que temos que pensar é em um novo modelo de negócio de quem tem as ferramentas e capacidade de análise para suprir essa carência da maioria das pequenas e médias empresas, que cá entre nós é um tremendo mercado a ser explorado.

  • Está chegando ao fim a era dos Desktops e Notebooks

    Está chegando ao fim a era dos Desktops e Notebooks

    A miniaturização dos componentes eletrônicos e o crescimento exponencial da capacidade de processamento dos smartphones e tablets permitem sistemas operacionais e softwares mais sofisticados e poderosos. Com isso, começa a eclipsar a necessidade dos grandes e desajeitados desktops e notebooks. Um exemplo da nova geração de equipamentos é o HP Elite X3, um phablet com Windows que pode se tornar um PC através do Continuum, um recurso que permite aos usuários conectar seus smartphones com Windows em um monitor, mouse e teclado.

    O phablet da HP tem um processador Qualcomm Snapdragon 820 e 4 GB de RAM, 64 GB interno, expansível até 2 TB usando um cartão micros. Usa uma bateria de 4.150 mAh que garante energia até mesmo para as tarefas mais pesadas. Tem uma câmera traseira de 16 MP e 8MP de frente.

    HP-Elite-1

    Parece que esse lançamento da HP indica a nova geração de equipamentos de uso pessoal e o fim da atual geração de desktops e notebooks.

    Confesso que tive que comprar um novo notebook para executar funções do MS-Excel que não estão disponíveis no iPad Air. Tinha a expectativa que o iPad Pro executasse essas funções, porém ainda não estão disponíveis para o iOS 9, mesmo com o aumento da capacidade de processamento.

    A Apple teve que se render ao teclado no iPad Pro, seguindo o Microsoft Surface. A Huawei lançou um notebook hibrido, o MateBook, com Windows 10 para competir a Apple e Microsoft. A briga começa a concentrar nessa linha de equipamentos. Parece que a HP entra com um novo paradigma que pode transformar esse mercado.

    Existe uma expectativa no mercado para a convergência dos sistemas operacionais da Apple, o OS X e o iOS, para um único sistema operacional, embora negado pela empresa. Segundo Tim Cook, CEO da Apple, isso não é viável no momento.

    Considerando que cada vez mais as empresas estão migrando suas aplicações para Cloud Computing e adotando o modelo BYOD – Bring Your Own Device – as empresas estão reduzindo a compra de computadores para seus funcionários e, consequentemente, redimensionando o tamanho (e custo) dos serviços de help-desk.

    Aplicações em Cloud Computing aumentam a segurança das aplicações e concentram todos os arquivos corporativos em um único lugar, evitando perdas e vulnerabilidade dos dados. Simplificam enormemente a manutenção, uma vez que se o hardware ou software derem problemas, basta substituir por outro sem prejuízo do trabalho e perda de produtividade dos usuários.

    O desafio para a adoção dos novos equipamentos é a barreira do preço. O preço de entrada do iPad Pro no Brasil é de R$7.300, sem o teclado e a caneta, contra um notebook 2 em 1 na faixa de R$4.000 (dados de fevereiro de 2016).

    Por outro lado, pensando de forma corporativa, esses valores não assustadores considerando o custo/benefício, incluindo a introdução de um novo estilo de trabalho na organização, aumento da segurança e redução de custos associados aos antigos PCs.

  • O desemprego estrutural pode se tornar em funcional

    O desemprego estrutural pode se tornar em funcional

    A crise econômica internacional reduziu o crescimento global. A economia é um sistema integrado e as ações de seus agentes geram impactos em todos os países. Os países que concentram suas economias em commodities, como petróleo e minério, são duramente afetados em cenários econômicos desfavoráveis. As crises econômicas geram o desemprego estrutural, onde existe uma massa de trabalhadores qualificados maior que a oferta de empregos devido aos ajustes que as empresas fazem para compensar a retração de vendas. As crises estimulam as empresas a encontrarem novas maneiras para aumentar a produtividade e reduzir seus custos. Esse movimento interno das empresas corre a parte da massa de trabalhadores desempregados, criando um gap entre as novas qualificações exigidas pelas empresas e a dos desempregados. Quanto mais tempo um profissional fica desempregado maior será o seu gap com as novas práticas do mercado. Essa situação gera o desemprego funcional, onde as qualificações dos trabalhadores não se adequam mais as novas práticas de negócios do mercado, situação potencializada pelas inovações tecnológicas. Isso afeta tanto os trabalhadores operacionais quanto os trabalhadores do conhecimento.

    Uma das formas de atualizar as qualificações dos trabalhadores para as necessidades do mercado é o treinamento. No Brasil, o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador – garante o acesso a treinamentos gratuitos para trabalhadores desempregados. Entretanto, o treinamento só é efetivo se aplicado imediatamente e nas novas tecnologias que estão sendo adotadas pelas empresas.

    Em qualquer economia o excesso de oferta reduz os preços. Isso também acontece, em parte, com os trabalhadores onde o preço do seu trabalho é o salário. Entretanto, no trabalho formal existe um limite mínimo garantido pela legislação ou pelos sindicatos. Esse salário mínimo acaba definindo o ROI – Retorno do Investimento – de muitos projetos de inovação e aumento de produtividade nas empresas. Empresas que não podem nem contratar ou investir em inovação correm o risco de fechar.

    Parece que a saída é o empreendedorismo individual, sendo uma das poucas formas das pessoas assumirem o controle de suas carreiras. Como empreendedor é possível você definir seu preço e alocar seu tempo em diversas empresas, garantindo o desenvolvimento contínuo de suas habilidades e participar das inovações tecnológicas das empresas. Essa prática também é vantajosa para as empresas que podem contratar profissionais qualificados de forma pontual e incorporar novas práticas e inovações do mercado.

    Acredito que a regulamentação da flexibilização do trabalho no Brasil ainda levará muitos anos devido à forte resistência dos sindicatos e centrais de trabalhadores. Entretanto, essa demora agrava ainda mais a situação dos trabalhadores desempregados e aumenta o risco de novas demissões.

    Pense nisso e veja se não está na hora de você se transformar em um empreendedor.

  • IoM (Internet of Medicine) ajudará a reduzir os custos de saúde

    IoM (Internet of Medicine) ajudará a reduzir os custos de saúde

    Os serviços de saúde é um assunto polêmico e caro. No Brasil, assistimos absurdos no atendimento no serviço público de saúde, com raras exceções de excelência. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama enfrenta críticas sobre o novo sistema de saúde, o ObamaCare. Mas, a tecnologia de Internet of Things (IoT) está ajudando a transformar o negócio da medicina. A IoM (Internet of Medicine) deve ser a chave para a redução dos custos médicos, melhorar a qualidade dos serviços e tornar acessível e personalizada a assistência médica para a maioria das pessoas, incluindo pacientes de baixa renda e distantes dos principais polos de excelência médica.

    Do ponto de vista financeiro, o impacto anual da IoM em breve ultrapassará a US$1 trilhão em receitas e dependerá cada vez de contratos recorrentes, nos Estados Unidos. Um dos principais incentivadores da IoM são as seguradoras, grandes empresas farmacêuticas, hospitais e médicos. Ao invés de ficarem reclamando dos altos custos eles estão se movimentando para adotar um novo modelo de negócio.

    Os serviços de Cloud Computing permitem a armazenagem de imagens dos exames com pagamento por demanda de visualização de imagem, evitando investimentos em sistemas de armazenamento de hospitais e laboratórios clínicos, além de reduzir as despesas operacionais.

    De acordo com um estudo de junho de 2015 da McKinsey, o efeito econômico das novas tecnologias da saúde ligadas a Cloud Computing poderia variar entre US$170 bilhões até US$1,1 trilhão nos próximos anos.

    Um dos maiores interessados na IoM é a indústria de seguros, que só nos Estados Unidos pagou mais de US$250 bilhões em tratamentos médicos nos Estados Unidos. Os hospitais estão atendendo as reivindicações das seguradoras, cada vez mais estão adotando tecnologias baseadas em sensores como chips inteligentes, etiquetas RFID, sistemas de localização em tempo real (RTLS) para melhor orquestrar o fluxo de pacientes, médicos, enfermeiros, equipamento e suprimentos médicos.

    A inovação é um fator vital para os cuidados com a saúde, que movimenta mais de R$1 trilhão na indústria farmacêutica. O desafio é detectar o mais cedo possível as doenças e iniciar o tratamento para a cura mais baratos, ao contrário de caros tratamentos quando a doença está em estágio avançado.

    Um exemplo de inovação é a parceria entre a Novartis e a Google em uma lente de contato para diabéticos para medir o açúcar no sangue através da lágrima dos olhos. Além de um alivio para os milhões de diabéticos que não precisarão mais picar o dedo, as lentes irão oferecer dados contínuos sobre as flutuações do açúcar no sangue e informar ao paciente para evitar complicações e risco de vida.

    A IoM permitirá uma medicina personalizada com um novo modelo de negócio onde as pessoas pagarão por um serviço adicional que ajudará a reduzir o custo das seguradoras e seus planos de saúde. Beneficiará os fabricantes de medicamentos, os hospitais, os médicos e principalmente os pacientes. Isso inaugurará uma nova era na medicina, onde os pacientes terão mais controle sobre sua saúde para melhorar sua qualidade de vida.

    Uma evolução dos serviços de atendimento rápido e custo acessível, já disponíveis no Brasil como o Dr Consulta e Dr Agora, serão os serviços de médicos online com preços populares. Outra tendência são serviços médicos em farmácias com apoio de profissionais de enfermagem e médicos online usando tecnologias de tele saúde na nuvem. Exames e diagnósticos poderão ser feitos em poucos minutos com custos acessíveis. Também será possível assinaturas de serviços médicos para monitoração em tempo real da saúde de pacientes com doenças crônicas.

    Imagine o avanço de instalar postos de serviços médicos com apoio de enfermeiros em locais distantes com atendimento de médicos online, evitando que as pessoas viagem até 8 horas para uma simples consulta, como acontece na região Norte do país.

    As vantagens da tecnologia são imensas. Agora, como tudo que é novo enfrentará os problemas clássicos da inovação: resistência a mudança de velhos profissionais, corporativismo da classe médica e atraso na regulamentação dos novos serviços. Cabe a nós pressionarmos por mudanças rápidas nessa área para melhorar nossa qualidade de vida e reduzir os custos com planos de saúde.