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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Como melhorar o clima organizacional no trabalho

    Como melhorar o clima organizacional no trabalho

    Mudanças culturais nas organizações são sempre complexas, mas necessárias para acompanhar as transformações do mercado. Em tempos de crise, as organizações que não desenvolveram a capacidade de transformação sofrem mais e, algumas delas, deixam de existir. A busca de excelência operacional e inovação são importantes na competitividade das empresas, entretanto devem colocar os clientes o centro das decisões. De nada adianta ter um excelente produto se existem deficiências no relacionamento com o cliente. O desafio de muitos líderes é fazer a sua própria transformação para as mudanças, pois é deles que se espera a condução das mudanças culturais na organização e um clima organizacional favorável para o crescimento.

    Os verdadeiros líderes aparecem em momentos de crise. Os vencedores enxergam oportunidades na crise, criam novas direções para a empresa, motivam os empregados e asseguram a competitividade das empresas. Os perdedores colocam a culpa do fracasso na conjuntura econômica, nos altos impostos e no governo.

    A primeira coisa a fazer é definir uma direção clara e reforçar os valores da empresa para assegurar que as decisões do dia a dia estejam alinhadas com os objetivos organizacionais. A visão e valores devem ser exaustivamente compartilhado com os empregados, pois isso é vital para melhorar o desempenho deles.

    Outro ponto é assegurar que cada empregado conheça o que é esperado dele. Nas médias e grandes organizações é necessário utilizar a cadeia de comando para garantir que cada empregado conheça seus objetivos. Obviamente, cada diretor, gerente e coordenador devem entender seus próprios objetivos para transmiti-los para seus subordinados.

    Uma coisa importante é estabelecer uma relação entre o trabalho de cada empregado com os clientes. Eles precisam saber qual o impacto do seu trabalho na satisfação do cliente e no desempenho da organização. O rapaz do cast da Disney que recolhe lixo nos parques sabe que sua atividade é importante para melhorar a experiência dos clientes.

    Observo que muitas empresas desperdiçam o potencial dos empregados “early adopters”, aqueles que gostam de adotar as novidades mais cedo. Esses empregados adoram mudanças e podem influenciar e motivar os colegas no processo de transformação. As empresas têm que identificar essas pessoas e começar as transformações com elas para irradiar para o resto da organização.

    Uma organização de alto desempenho tem empregados qualificados que conseguem traduzir seu conhecimento e habilidades em práticas para melhorar a satisfação dos clientes, melhorias operacionais e inovação. É necessário, periodicamente, fazer um balanço das competências internas para identificar os gaps e sugerir treinamentos, tanto coletivos como individuais. Muitos treinamentos podem ser dados pelos próprios empregados com vantagens, além de valorizar o treinador reduz custos operacionais. A desvantagem é não trazer novidades de fora para dentro da empresa.

    E, a coisa mais importante para estabelecer um bom clima organizacional é a diversão. Os empregados devem sentir prazer e alegria na empresa. Isso melhora o desempenho da organização e a satisfação dos clientes.

  • Como superar obstáculos para transformações culturais nas organizações

    Como superar obstáculos para transformações culturais nas organizações

    A tecnologia tem um impacto profundo em todos os negócios, desde a manufatura com impressão 3D até os pequenos negócios que prosperam com vendas online. O grande desafio para as empresas é se adaptar aos novos negócios. Existem vários obstáculos a serem vencidos, tais como: excessiva hierarquia organizacional; a cultura do “aqui quem manda sou eu”; falta de percepção das mudanças do mercado; e, falta de competências adequadas. Como diz o ditado, é fácil falar, mas difícil fazer. Todos nós sabemos o que tem que ser feito para a mudança cultural das organizações: (1) conhecer o que fazer; (2) saber como fazer; e, (3) executar. A última fase é onde encontramos os maiores obstáculos. Existem algumas ações recomendadas para isso, porém uma é essencial: liderança motivacional.

    Existem quatro coisas que sabemos que precisam ser feitas para as mudanças organizacionais: (1) redução dos níveis hierárquicos; (2) empoderamento dos empregados; (3) trabalhar muito próximos aos clientes; e, (4) treinamento.

    O primeiro desafio é encontrar a estrutura mínima necessária para operar o negócio. Temos que avaliar como delegar as responsabilidades para os subordinados para obter o máximo de eficiência organizacional. Temos que desenhar e monitorar todas as atividades dos processos e buscar, continuamente, formas de melhora-las e de tal forma a buscar a satisfação dos clientes. Temos que considerar que o desenvolvimento pessoal é responsabilidade do indivíduo, a empresa pode oferecer as ferramentas e incentivos, mas não assumir a responsabilidade. Os empregados, em qualquer nível, devem se adaptar as necessidades do mercado, que por sua vez passam a atender as necessidades da empresa.

    Minha visão é que as empresas terão gerentes responsáveis pelas decisões corporativas, gerentes de pessoas e processos, e cada empregado se auto gerenciará para executar as decisões tomadas.

    A Teoria X, que se concentra na ordem e na disciplina para atingir os resultados, está morta há muito tempo e, definitivamente, foi substituída pela Teoria Y que foca na busca dos resultados como um processo natural de amadurecimento da organização, conduzida por líderes inspiradores. Uma empresa que ainda opera baseada na Teoria X com certeza pode substituir seus “chefes” por automação de processos ou serviços de outsourcing, pois não agregam quase nada para a empresa.

    Para executar uma transformação cultural nas organizações e transpor os obstáculos, é necessário criar uma “learning organization”, onde as pessoas estejam na vanguarda de conhecimentos sobre os negócios, ambiente e gerenciamento.  É necessário abandonar os procedimentos rígidos e princípios que defendem e protegem o status quo de algumas pessoas e hábitos corporativos. Deve-se criar uma cultura de compartilhamento de informações e colaboração entre as pessoas. Deve-se também criar a cultura de reconhecer os resultados atingidos no processo de transformação.

    É ilusão achar que a tecnologia por si só irá transformar os negócios de uma empresa. A real transformação acontece através das pessoas.

  • Armazenamento de energia é vital para a estabilidade do sistema elétrico

    Armazenamento de energia é vital para a estabilidade do sistema elétrico

    Muito se comenta sobre energias renováveis e, sem dúvida, são importantes para na matriz energética dos países. Entretanto, a energia fotovoltaica e eólica tem geração intermitente, podendo gerar instabilidade no sistema elétrico. Com o crescimento da geração eólica no Brasil, que hoje responde a 5,8% da energia instalada e com previsão entre 20-25% até 2030, os riscos de instabilidade do sistema aumentam. Isso se deve ao fato que um autogerador pode reduzir sua geração de energia de 100% para 10% em poucos segundos, dependendo das rajadas de ventos. Para equalizar a geração uma solução é usar baterias de alta capacidade ou outras tecnologias de armazenamento de energia, como armazenamento de ar na forma comprimida (evitei a palavra vento). Os estudos sobre baterias já estão bem avançados, principalmente nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Aqui no Brasil, a Aneel planeja iniciar programas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) a partir do segundo semestre de 2016.

    O negócio de armazenamento de energia deve movimentar cerca de US$70 bilhões até 2020. Já existem em operação comercial algumas iniciativas. A AES, já possui algumas plantas em operação e em construção, inclusive uma no Chile, com uma capacidade total de armazenamento de 346 megawatts (MW). Uma unidade na Irlanda do Norte, inaugurada em 2015 tem capacidade de 10 MW e planeja ampliar sua capacidade para 200 MW até 2017.

    Os projetos no Brasil serão apoiados por verbas do programa de P&D da Aneel com recursos das concessionárias do setor. A legislação (Lei nº 9.991/2000) prevê que as distribuidoras de energia são obrigadas a destinar, anualmente, no mínimo 0,75% da sua receita operacional líquida (ROL) para programas de pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico e 0,25% em eficiência energética. Já as empresas geradoras e transmissoras de energia são obrigadas a investir, anualmente, no mínimo 1% da ROL em pesquisa e desenvolvimento. Em 2014 foram 181 projetos de P&D, com investimentos de R$646 milhões.

    Como sempre, o grande desafio para as novas tecnologias é o custo. Atualmente, estima-se que um custo de US$1 mil (em torno de R$4 mil) para cada quilowatt (kW) instalado de sistemas de armazenamento de energia. Para se ter uma ideia, as usinas fotovoltaicas têm um custo entre R$3 mil e R$5 mil por kW instalado, números dos últimos leilões de energia fotovoltaica no Brasil. Entretanto, ganhando em escala pode competir com as caras e poluidoras usinas termelétricas, que hoje tem um custo de R$600/MW.

    E a tal usina de ar comprimido? Essa entra em operação nas próximas semanas em Manchester, no Reino Unido, com capacidade de 5MW. Esse projeto da empresa Highview Power Storage teve um investimento de 8 milhões de libras, equivalente a R$45 milhões. A usina usará a queima do lixo para aquecer o ar comprimido para gerar energia, aumentando a eficiência do projeto de 60% para 80%.

    Todas essas pesquisas têm ajudado a indústria automobilística que está em uma fase de transição dos motores poluentes a combustão para energia elétrica.

    Mas, quem está bem na foto é a Bolívia que possui a maior reserva de lítio do mundo, ou pelo menos deveria, se souberem aproveitar o potencial que tem. A maior reserva se concentra logo abaixo da crosta branca de Uyuni. Quase nada foi tocado: apesar de a jazida ter atraído o interesse de empresas de várias partes do mundo, o presidente Evo Morales decidiu desenvolver toda a cadeia com tecnologia própria. Segundo afirmou Morales, “desejo um carro Toyota movido a lítio, mas feito na Bolívia”.

    O Brasil tem 0,18 milhões de toneladas de reservas de lítio, enquanto nossos vizinhos têm as maiores reservas do mundo: Bolívia, 9 milhões de toneladas; Chile, 7,5 milhões de toneladas; e Argentina, 6,5 milhões de toneladas. Depois aparecem os Estados Unidos com 5,5 milhões de toneladas, a China com 5,4 milhões de toneladas e o Canadá com 1 milhão de tonelada.

    Dinheiro para pesquisa e desenvolvimento de baterias estará disponível no Brasil, vamos torcer para que os projetos de pesquisa se tornem produtos comerciais em breve.

  • As condições ideais para fomentar o empreendedorismo

    As condições ideais para fomentar o empreendedorismo

    Em visita ao Brasil, John Chisholm, empreendedor serial e diretor da MIT Global Alumni Association, afirmou que é possível construir um Vale do Silício em São Paulo. A entidade liderada por ele reúne mais de 130 mil alunos e ex-alunos do instituto com o objetivo de conectar mentes geniais com interesses similares para elaborar grandes projetos. Com sua experiência de ter lançado duas startups no meio da bolha da Internet, ele disse que criar empresas no meio de crises econômicas torna mais fácil sua sobrevivência no futuro, baseado no fato que você deve operar com recursos limitados e mercados recessivos.  Ele desmistifica a ideia que as pessoas nascem com o perfil empreendedor, segundo ele é possível desenvolver essa habilidade. Ele aponta dois fatores ideais para fomentar o empreendedorismo: livre comércio e baixa regulamentação, incluindo impostos.

    O livre comércio é o sonho de qualquer empreendedor. Entretanto, os desafios são grandes, pois cada país cria leis protecionistas para seus produtos para garantir a competitividade interna e, em alguns casos, criam incentivos artificiais para aumentar a competitividade no mercado global. Os lobbies são enormes, veja o caso do acordo de livre comércio Trans-Pacific que teve mais de cinco anos de negociação para superar as regulamentações dos 12 países envolvidos. Esse grupo de países representam 40% da economia mundial e pode se tornar no maior acordo regional da história. Acordos desse dessa magnitude exigem líderes fortes e comprometidos para remover os obstáculos. O nosso Mercosul fracassou do ponto de vista econômico, cada país está fazendo seus próprios acordos bilaterais para salvar e estimular suas economias. Talvez, as únicas coisas que avancem no Mercosul são as placas dos carros e a carteira de identidade comum.

    O desafio da regulamentação é encontrar o ponto de equilíbrio. Regras são necessárias para proteger a saúde, condições de trabalho e o patrimônio das pessoas. A história mostra que a falta de regulamentação do mercado cria situações desastrosas, como a Grande Depressão de 1929 e mais recentemente a crise econômica de 2008. Em ambos casos, as pessoas perderam seus patrimônios e o emprego. Por outro lado, uma forte regulamentação inibe a criação de negócios inovadores que querem quebrar paradigmas de mercado e são barrados pela regulamentação, veja o caso do Uber. Mas acredito que o pior é o intervencionismo do Estado de forma intempestiva para proteger interesses de fortes grupos sem a preocupação dos impactos na economia como um todo. Isso gera incerteza nos empresários e reduz o interesse por novos projetos devido ao receio de mudanças nas regras no meio do jogo.

    A questão dos impostos é polêmica, temos que analisar pelo ponto de vista custo/benefício. Altos impostos podem ser interessantes se usados para compartilhar benefícios como saúde, educação, pesquisa e infraestrutura de forma a criar uma plataforma de desenvolvimento comum, reduzindo investimentos individuais. Bons exemplos vêm dos países da Escandinávia, onde os impostos são elevados, porém são transformados em benefícios para as pessoas e empresas. Por outro lado, cobrar impostos altos e usar o dinheiro para interesses partidários e desperdiça-los por incompetência e corrupção reduz a capacidade de crescimento econômico e qualidade de vida da população.

    Particularmente, reduzo as condições ideais para o empreendedorismo no equilíbrio da regulamentação, eliminando a intempestividade intervencionista dos governos, e a melhor aplicação dos impostos em uma plataforma de crescimento sustentável, incluindo saúde, educação e infraestrutura. O livre comércio é um plus para as empresas. E o dinheiro para os empreendedores? Com essas condições ele aparece em abundância.