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Autor: Eduardo Fagundes

  • Skype e WhatsApp transformaram o modelo de negócios de telecomunicações

    Skype e WhatsApp transformaram o modelo de negócios de telecomunicações

    No dia 2 de fevereiro de 2016, o WhatsApp atingiu a marca de 1 bilhão de usuários. Em setembro de 2015 tinha reportado 900 milhões de usuários ativos, o que significa a adesão de 100 milhões de usuários em quatro meses. O Skype reporta 600 milhões de usuários e 300 milhões de usuários ativos por mês com 34 milhões de usuários concorrentes (agosto de 2015). O Skype foi adquirido pela Microsoft em maio de 2011 por US$8.5 bilhões e o WhatsApp foi comprado pelo Facebook em fevereiro de 2014 por US$19 bilhões, sendo considerada a maior transação de venture capital até agora.

    O Skype e WhatsApp têm algumas características comuns. Primeiro, ambos são aplicações “over-the-top” (OTT), ou seja, utilizam a infraestrutura da Internet para seus serviços. Não pagam nada por isso e pelo sucesso de seus produtos exigem mais recursos dos provedores de Internet. O WhatsApp vai mais longe, usa o número de telefone celular da operadora de telefonia móvel como endereço para suas conexões.

    O Skype, quebrou o paradigma das conexões de longas distâncias, não apenas por estabelecer conexões peer-to-peer entre os usuários do serviço via Internet, mas estabelecendo conexões telefônicas tradicionais na última milha através do serviço Skype Out para telefones convencionais, reduzindo drasticamente os custos de telecomunicações.

    Outra semelhança é o fato que foram serviços começaram de forma gratuita, o Skype na modalidade freemium com serviços pagos do Skype Out/Skype In e o WhatsApp gratuito no primeiro ano e depois cobrando US$0,99 por ano. Em 2016, o serviço do WhatsApp passou a ser gratuito e anunciado novos serviços para o mercado corporativo.

    Ambos foram lançados com mínimos recursos de marketing valendo-se da divulgação boca-a-boca, reduzindo os riscos e tendo a oportunidade de aperfeiçoar o produto.

    O que espanta é a crescente velocidade de adoção desses serviços. É verdade que impulsionados mais recentemente pelos gigantes que adquiriram as empresas. O Facebook, por exemplo, com 1,44 bilhões de usuários ativos (março, 2015).

    Assim como o Skype que, literalmente, acabou com as ligações telefônicas de longas distâncias no mundo, o WhatsApp está acabando com o negócio de telefonia móvel tradicional e, felizmente, o alto custo de chamadas entre diferentes operadoras.

    Com a expansão de pontos de WiFi em locais públicos, muitas vezes de forma gratuita, a tendência é desaparecer o serviço de telefonia móvel tradicional. Provavelmente, isso afetará a maioria dos planos de negócio e taxas de retorno de investimento da maioria das operadoras de telefonia móvel. O negócio, por enquanto, é tentar resistir colocando barreiras regulatórias, acusando os serviços de piratas e se preparando para o fim. A mesma coisa aconteceu com o Skype no passado.

    Como lição, estamos vendo que os nossos modelos de negócios estão cada vez mais vulneráveis a novos serviços, principalmente, que utilizam tecnologia digital. Foi-se a época de pesados investimentos iniciais de lançamento de novos produtos, implicando em grandes riscos para as empresas. O negócio é experimentar e desenvolver planos de negócios com ciclos de produto cada vez menores.

    Novos tempos, implicam novas atitudes.

  • Melhore o desempenho da sua empresa com a geração Baby Boomers

    Melhore o desempenho da sua empresa com a geração Baby Boomers

    Quando olhamos os novos e ricos empreendedores, como Larry Page e Sergey Brin da Alphabet (fundadores da Google) e Mark Zuckerberg do Facebook, fica a impressão que os novos e lucrativos negócios são exclusivamente dos jovens.

    Entretanto, algumas histórias de sucesso tiveram a participação decisiva de executivos seniores para o crescimento das empresas. Um dos fundadores da Apple, Ronald Wayne, era 21 anos mais velho que Steve Jobs quando com sua ajuda a empresa decolou. O atual chairman da Apple, Arthur Levinson nasceu em 1950. O chairman da Google, Eric Schmidt nasceu em 1955, contratado quando a Google fez o IPO (Initial Public Offering) em 2004. Todos da geração Baby Boomers, pessoas nascidas entre a segunda guerra mundial até 1964.

    Existe uma falsa ideia que substituir funcionários mais experientes por jovens sai mais barato, entretanto, existem custos ocultos nesse processo, como por exemplo, os custos das indenizações legais e de agências de outplacement, normalmente contratadas para executivos. O custo de treinamento do sucessor gira em torno de 1,5 vezes do salário do novo funcionário.

    Pensar que os funcionários mais velhos são menos criativos que os jovens também é uma falsa impressão. Os jovens tendem a ter mais ideias criativas que os mais velhos, entretanto, falta a experiência para transformar essas ideias em resultados. A experiência ajuda a criar atalhos para a implementação de novas ideias e mitigar falhas, aumentando as chances de sucesso de um projeto.

    Algumas pessoas acreditam que os funcionários mais experientes têm dificuldade para aprender coisas novas, como tecnologia, por exemplo. Entretanto, esquecem da velocidade de adoção das novas tecnologias pelo mais velhos, incluindo pessoas da terceira idade. Nossos avós usam o Facebook e WhatsApp com facilidade e demonstram conhecimento nos aplicativos.

    Imaginar que treinar os mais velhos para novas funções é jogar dinheiro fora, temos que lembrar que hoje os jovens trocam de emprego com muito mais frequência que tempos atrás. Isso não acontece com os funcionários mais experientes, porque eles conhecem as restrições do mercado de trabalho e procuraram manter seus empregos.

    Por outro lado, contratar funcionários experientes de alto desempenho não é uma tarefa fácil. Muitos executivos seniores ou técnicos experientes que acumularam uma boa reserva financeira e um bom plano de previdência privada, provavelmente, não estão mais dispostos a se submeter a rotina estressante de uma empresa em período integral. Muitos preferem o convívio dos netos e liberdade para atividades de lazer e novos cursos.

    Isso cria a necessidade de desenvolver novos formatos de trabalho, como atividades em tempo parcial (part-time), atividades em projetos por tempo determinado, contratos de interim management para organizar uma área e treinar um sucessor e, atividades que possam ser executadas em home-office.

    Essas modalidades podem ser utilizadas também para outros funcionários como forma de contribuições pontuais para a empresa.

    As startups podem obter contribuições riquíssimas de profissionais mais experientes, tanto como consultores ou como “anjos”, uma modalidade onde o investidor contribui não apenas com o dinheiro, mas com sua experiência profissional para ajudar na alavancagem da empresa.

    Resumindo, não descarte profissionais simplesmente pela idade, muito pelo contrário, avalie como esses profissionais podem contribuir para o crescimento da sua empresa.

  • Downsizing com dignidade

    Downsizing com dignidade

    As empresas estão reduzindo de tamanho (downsizing), seja pelo aumento de produtividade com novas tecnologias, pela perda de mercado para novos competidores ou pela recessão econômica. Uma situação difícil é demitir pessoas. Isso afeta não apenas os empregados que deixam a empresa, mas também as que ficam. Se os empregados percebem que a empresa é apenas uma máquina de fazer dinheiro, os sobreviventes perderão o respeito pela empresa e a moral acaba sendo destruída. Desta forma, é importante não centrar as demissões por questões de eficiência financeira, mas dentro de um contexto de produtividade e mercado.

    Empregados que detém o capital intelectual das organizações são menos atingidos pelo downsizing, pois são os responsáveis pelo aumento de produtividade e transformações dos negócios. É claro que os empregados intelectuais precisam se manter atualizados e gerando soluções de negócios e produtividade de forma permanente. Contribuições passadas não garantem a manutenção do emprego.

    Mesmo assim, os empregados intelectuais não estão livres de perderem o emprego. Por exemplo, em casos de aquisições e fusões de empresas alguns serão afetados. Sobreviverão aqueles mais competentes. Certamente, a compra do banco HSBC pelo Bradesco irá gerar redução de pessoal qualificado, não apenas dos bancos, mas de toda a cadeia de fornecedores que prestam serviços ou vendem produtos para esses bancos. Isso significa que os empregados devem se manter competitivos no mercado e não apenas dentro da empresa.

    A situação é mais complicada para empregados operacionais que podem ser substituídos por novos sistemas de informação, melhores práticas ou mudanças nos negócios da empresa. Por exemplo, os novos sistemas de computação cognitiva usando inteligência artificial e com poderosas ferramentas de interação homem-máquina irão reduzir, drasticamente, o número de operadores de Call Centers.

    Uma medida importante é assegurar que o downsizing está dentro da lei. Por exemplo, se as demissões forem em massa é obrigatório uma negociação prévia com o sindicato. Evite cometer o mesmo erro da Gol quando demitiu os empregados da Webjet em 2012 depois de adquirir suas operações. A Gol convidou os empregados para um evento em um hotel e foram surpreendidos com o aviso de demissão. O ministério público recorreu e a Gol teve que fazer a reintegração dos empregados.

    Tenha sempre em mente duas coisas antes de fazer as demissões: respeito aos empregados e um plano de médio e longo prazo. Compartilhe com os sobreviventes sua visão e seus planos. Isso será importante no futuro se você tiver que fazer demissões involuntárias.

  • A onda do live video streaming

    A onda do live video streaming

    Apesar de não ser uma novidade, o sucesso do Periscope e o lançamento da função live vídeo streaming do Facebook devem impulsionar o uso dessa tecnologia para dispositivos móveis. O YouTube já disponibiliza essa função há pelo menos três anos. O serviço Hangout da Google também possui uma função de live video streaming, o Hangout on Air. Existem outros aplicativos com as mesmas funções, como o Wirecast Go para iOs que funciona usando os recursos do YouTube.

    2016-01-28 (2)

    A popularização desse recurso e aplicativos criará novas oportunidades de serviços, um novo comportamento dos consumidores e, como sempre, questões polêmicas.

    Será possível, em tempo real, transmitir acontecimentos do cotidiano, como reunião de amigos, manifestações populares, aulas, apresentação de produtos e discussões em grupo com grandes audiências. É possível utilizar o Periscope com as câmeras da GoPro ampliando as possibilidades de vídeos em tempo real.

    Como também, transmitir em tempo real lançamentos de filmes diretamente da tela do cinema, peças de teatro, shows de artistas famosos e outros eventos fechados ferindo direitos autorais. Embora, hoje seja comum a gravação desses eventos e divulgação na rede, embora de forma ilícita.

    A Ford usa o Periscope para divulgação de seus produtos, aparentemente, feitas pelos próprios funcionários, dando uma sensação de reality show. O presidente Barack Obama já fez transmissões pelo Hangout da Google em 2013 e 2014, inaugurando uma nova forma de interação com a sociedade. O cineasta Steven Spielberg usou o Hangout para lançamento do filme Lincoln em setembro de 2012.

    Agora com a função de live video streaming no Facebook o alcance será gigantesco. O serviço inicialmente foi lançado nos Estados Unidos para iPhone e depois deverá estar disponível no resto do mundo. Diferente do Pericospe que envia um alerta para todos seus seguidores no Twitter, o Facebook poderá limitar as notificações apenas para seus contatos na rede social.