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Autor: Eduardo Fagundes

  • DevOps e métodos ágeis de desenvolvimento

    DevOps e métodos ágeis de desenvolvimento

    A atual dinâmica dos negócios exige entregas rápidas de soluções de software para acompanhar e superar a concorrência. Os métodos tradicionais de desenvolvimento de software não foram desenhados para o atual cenário de negócios, gerando um descompasso e atritos constantes entre as áreas de negócios e as equipes de TI. Os métodos ágeis de desenvolvimento de software, como o Scrum, chegaram para tentar reduzir esse descompasso e acelerar as entregas de TI. Entretanto, cria-se um potencial gargalo na implantação dos Sprints (unidade básica de desenvolvimento em Scrum) na operação que muitas vezes não dispõe de recursos de infraestrutura para atender a demanda. Felizmente, o DevOps pode resolver o problema, integrando as equipes e automatizando os processos de desenvolvimento e operação. Dentro dessa abordagem é possível redefinir a estrutura organizacional e processos da TI tradicional.

    Aplicar os novos conceitos e organização de TI para uma startup é mais fácil que em organizações já estabelecidas e com um grande volume de sistemas legados. Entretanto, podemos implantar os novos conceitos e ferramentas nos processos de negócios experimentais e evoluir para os processos estratégicos únicos de cada empresa. Entendendo nessa visão que os processos de excelência operacionais e padronizados (pelas melhores práticas ou pela legislação) são apoiados por sistemas integrados (ERP) de mercado.

    Qualquer metodologia de desenvolvimento de software tem o objetivo de reduzir os riscos de falhas e aumentar a produtividade. Os métodos ágeis minimizam os riscos em curtos períodos, chamados de iteração, tipicamente menos de uma semana a até quatro. Cada iteração é como se fosse um projeto único, incluindo todas as tarefas de uma nova funcionalidade: planejamento, análise de requisitos, projeto, codificação, teste e documentação. No Scrum, a iteração é conhecida como Sprint.

    Os métodos ágeis falham muitas vezes por não considerarem no desenvolvimento os chamados requisitos não-funcionais, ou seja, os recursos necessários da infraestrutura de operação para garantir os requisitos técnicos e de compliance.

    Mesmo as organizações de TI que adotam o processo Kanban para acompanhar o desenvolvimento de software encontram descompasso com a operação. O Kanban aplicado ao desenvolvimento de software é um processo que acompanha todas as atividades classificando-as ao longo do período do projeto (em andamento, teste, pronto para o lançamento e liberado). Quando uma funcionalidade está pronta para ser lançada é negociada a data de liberação com a operação. O processo define um limite de WIP (Work In Progress) para cada estágio de desenvolvimento. Se um estágio (coluna) atingir o limite máximo de esforço nenhuma outra atividade estará autorizada a prosseguir, evitando gargalos futuros.

    O DevOps é um framework com ferramentas para automatizar o ciclo completo de desenvolvimento e operação de software. O DevOps integra as equipes de desenvolvimento e operação, permitindo a troca constante de informações para reduzir os riscos de implantação, principalmente aos ligados aos requisitos não-funcionais.

    Nessa abordagem, teríamos um representante da operação na equipe de Scrum interagindo diariamente e avaliando e recomendando para o desenvolvimento do Sprint. Em desenvolvimentos baseados em Kanban, o pessoal da operação teria a visão completa de todos os estágios de desenvolvimento e seria mais proativo na identificação de possíveis gargalos e tomar ações antecipadas para garantir os prazos de entrega.

    Embora defenda a tese que as equipes de desenvolvimento de software de projetos experimentais e estratégicos devam ser próprias da empresa, no caso do representante da operação poderia ser do provedor de Cloud Computing, assegurando dessa forma os recursos necessários para assegurar as entregas.

    Não tenho dúvidas que a metodologia de desenvolvimento e ferramentas de software são fatores fundamentais para assegurar a alta competitividade de negócios, passando a ser um ponto estratégico das organizações.

  • Assumir riscos é fundamental em equipes de alto desempenho

    Assumir riscos é fundamental em equipes de alto desempenho

    Podemos medir a agilidade na tomada de decisões e sucesso de organizações pela cultura de assumir riscos de seus empregados. Falo de riscos calculados e dentro de limites que não colapsem os negócios da empresa. Assumir risco gera adrenalina, motivação para trabalhar e provoca mudanças nas empresas. Obviamente, que os empregados esperam ser recompensados por isso. Adiar tomadas de decisão por achar que faltam informações abre oportunidade para competidores lançarem produtos em primeiro lugar e ganhar mercado. Manter-se na zona de conforto, pode até gerar tranquilidade no primeiro momento, porém gerará um tremendo stress no futuro e sensação de culpa por ter adiado uma decisão. Como diz o velho ditado “tempo é dinheiro”, adiar decisões pode-se perder dinheiro. Esperar para tomar uma decisão para avaliar a mudança de algum cenário futuro também é uma decisão que envolve risco.

    Aí vem a pergunta, que tipos de riscos podemos assumir? Riscos ligados a modelos de negócios, novos procedimentos administrativos, novos produtos ou serviços e outros que não afetem a segurança física de pessoas, ações que comprometam a ética e procedimentos regulatórios claros e sem margem para interpretações.

    As organizações devem construir uma cultura de tomada de decisões envolvendo risco. Não se pode punir alguém se uma das decisões tomadas não atingir o resultado esperado. A punição é a pior atitude para levar as pessoas a permanecer na zona de conforto.

    Como medir o risco de uma decisão? Use todo o capital intelectual da sua empresa para avaliar os impactos em todas as áreas para se ter uma visão holística. Várias opiniões ajudam a convergir para uma tomada de decisão rápida e avaliar seus impactos e riscos. O Bradesco tem um processo de decisão centralizado e ágil. Todos os diretores ficam em uma grande sala com uma mesa no centro. Quando um diretor precisa tomar uma decisão fora do cotidiano, ele convoca todos os diretores na grande mesa e tomam a decisão em conjunto.

    Como eu saber quando tenho que tomar uma decisão? Interagindo com as pessoas o tempo todo e, principalmente, escutando. Ninguém sabe tudo e com as rápidas mudanças do mercado é quase impossível estar acompanhando sozinho todos os movimentos de mercado. A conversa franca e sem restrições de hierarquia permite identificar quando uma decisão deve ser tomada.

    O que fazer para mudar a cultura organizacional para tomadas decisões rápidas assumindo riscos? Use e abuse da participação dos jovens. Tenha mente aberta e avalie todas as possibilidades definindo um tempo limite para isso. Tome a decisão com os elementos disponíveis dentro do tempo que você definiu.

    Não procrastine. Tome a decisão de mudar agora.

  • Tecnologia: salvadora ou vilã da economia?

    Tecnologia: salvadora ou vilã da economia?

    A economia mundial começou a se transformar de forma mais visível depois da Revolução Industrial no século XIX e andou a passos lentos, mas agora as transformações estão ocorrendo de forma exponencial fortemente impactada pelas tecnologias da informação. Esse novo contexto cria novas empresas com capacidade quase infinita de serviços e aumentos brutais de produtividade, trazendo altos salários para os trabalhadores do conhecimento e empreendedores. Por outro lado, acelera a concentração de renda, mantem os salários dos trabalhadores estagnados e cria um enorme desafio para os governos garantir empregos e salários decentes para as pessoas.

    Esse contexto começou a mudar com o surgimento de novos serviços baseados em negócios digitais – e-Business – que, praticamente, rompeu o paradigma de escassez de produtos. A tecnologia digital permite o acesso rápido e barato (alguns gratuitos) a informação, possibilitando maior conhecimento sobre produtos e comparações de preços. Nos dias de hoje, dificilmente alguém compra um bem de consumo sem pesquisar os preços na Internet. Em tese, por haver uma competição mais aberta os preços devem se manter estáveis e com baixas margens de lucro.

    Como consequência desse novo contexto de negócios provocado pela tecnologia, existe uma busca incessante pela produtividade, resultando altos salários para os trabalhadores do conhecimento e baixos salários para os trabalhadores operacionais. Apesar do crescimento dos Estados Unidos nas últimas décadas, o salário médio dos americanos está estagnado desde 1979 e a desigualdade explodiu.

    A Suécia ilustra uma tendência perigosa, cresce o PIB (3,9%), os salários (2,2%) e o crédito (7,3%), porém a inflação segue extremamente baixa (0,1%). Com inflação muito baixa ou deflação os consumidores não antecipam compras e alguns esperam que os preços baixem ainda mais, criando uma bomba relógio para a economia no futuro. Por lá, 95% da população acessa a Internet regularmente e quase a metade trabalha intensivamente com o conhecimento, criando uma força deflacionária estrutural.

    Por outro lado, economias que dependem fortemente de commodities em abundância no mercado com preços baixos, como o petróleo, estão enfrentando dificuldades e alta da inflação. Entretanto, as ondas de produtividade geradas pela tecnologia da informação desconhecem fronteiras e forçam a estagnação dos salários dos trabalhadores operacionais, reduzindo o poder de compra.

    Aparentemente, estamos caminhando de uma economia da “escassez” para uma economia da “abundância” a medida que cada vez mais consumimos produtos digitais que se levados ao limite não custam quase nada para serem reproduzidos. Veja o caso do WhatsApp, uma empresa de 55 pessoas, que vale mais que a Sony e foi comprada pelo Facebook por US$19 bilhões. Outros exemplos, são a Google, o iTunes da Apple, o Wise e tantos outros.

    Agora, como medir o impacto dessas empresas na economia atual? Como medir o impacto na produtividade quando alguém consegue chegar mais rápido a um destino usando o Wise, um serviço que combina Big Data e colaboração gratuita de seus usuários? O Wise, por exemplo, otimizando rotas de entrega de encomendas pode reduzir a quantidade de caminhões de uma transportadora e, consequentemente, deixa de comprar novos veículos e reduz a quantidade de motoristas e auxiliares. Essa situação coloca mais motoristas a procura de empregos, mais metalúrgicos procurando empregos demitidos porque houve queda na produção de caminhões, provocando salários mais baixos no mercado e desemprego.

    Como a economia irá se acomodar nesse contexto? Confesso que tenho dúvidas. Uma certeza é que devemos estimular a educação e o empreendedorismos nas pessoas, principalmente nos jovens. Os governos, globalmente, devem criar estratégias para garantir uma melhor distribuição de renda e salários decentes para as pessoas possam oferecer boa qualidade de vida para suas famílias.

    Afinal, o que você acha? A tecnologia é a salvadora ou a vilã nessa história?

  • Skype e WhatsApp transformaram o modelo de negócios de telecomunicações

    Skype e WhatsApp transformaram o modelo de negócios de telecomunicações

    No dia 2 de fevereiro de 2016, o WhatsApp atingiu a marca de 1 bilhão de usuários. Em setembro de 2015 tinha reportado 900 milhões de usuários ativos, o que significa a adesão de 100 milhões de usuários em quatro meses. O Skype reporta 600 milhões de usuários e 300 milhões de usuários ativos por mês com 34 milhões de usuários concorrentes (agosto de 2015). O Skype foi adquirido pela Microsoft em maio de 2011 por US$8.5 bilhões e o WhatsApp foi comprado pelo Facebook em fevereiro de 2014 por US$19 bilhões, sendo considerada a maior transação de venture capital até agora.

    O Skype e WhatsApp têm algumas características comuns. Primeiro, ambos são aplicações “over-the-top” (OTT), ou seja, utilizam a infraestrutura da Internet para seus serviços. Não pagam nada por isso e pelo sucesso de seus produtos exigem mais recursos dos provedores de Internet. O WhatsApp vai mais longe, usa o número de telefone celular da operadora de telefonia móvel como endereço para suas conexões.

    O Skype, quebrou o paradigma das conexões de longas distâncias, não apenas por estabelecer conexões peer-to-peer entre os usuários do serviço via Internet, mas estabelecendo conexões telefônicas tradicionais na última milha através do serviço Skype Out para telefones convencionais, reduzindo drasticamente os custos de telecomunicações.

    Outra semelhança é o fato que foram serviços começaram de forma gratuita, o Skype na modalidade freemium com serviços pagos do Skype Out/Skype In e o WhatsApp gratuito no primeiro ano e depois cobrando US$0,99 por ano. Em 2016, o serviço do WhatsApp passou a ser gratuito e anunciado novos serviços para o mercado corporativo.

    Ambos foram lançados com mínimos recursos de marketing valendo-se da divulgação boca-a-boca, reduzindo os riscos e tendo a oportunidade de aperfeiçoar o produto.

    O que espanta é a crescente velocidade de adoção desses serviços. É verdade que impulsionados mais recentemente pelos gigantes que adquiriram as empresas. O Facebook, por exemplo, com 1,44 bilhões de usuários ativos (março, 2015).

    Assim como o Skype que, literalmente, acabou com as ligações telefônicas de longas distâncias no mundo, o WhatsApp está acabando com o negócio de telefonia móvel tradicional e, felizmente, o alto custo de chamadas entre diferentes operadoras.

    Com a expansão de pontos de WiFi em locais públicos, muitas vezes de forma gratuita, a tendência é desaparecer o serviço de telefonia móvel tradicional. Provavelmente, isso afetará a maioria dos planos de negócio e taxas de retorno de investimento da maioria das operadoras de telefonia móvel. O negócio, por enquanto, é tentar resistir colocando barreiras regulatórias, acusando os serviços de piratas e se preparando para o fim. A mesma coisa aconteceu com o Skype no passado.

    Como lição, estamos vendo que os nossos modelos de negócios estão cada vez mais vulneráveis a novos serviços, principalmente, que utilizam tecnologia digital. Foi-se a época de pesados investimentos iniciais de lançamento de novos produtos, implicando em grandes riscos para as empresas. O negócio é experimentar e desenvolver planos de negócios com ciclos de produto cada vez menores.

    Novos tempos, implicam novas atitudes.