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Autor: Eduardo Fagundes

  • Melhore o desempenho da sua empresa com a geração Baby Boomers

    Melhore o desempenho da sua empresa com a geração Baby Boomers

    Quando olhamos os novos e ricos empreendedores, como Larry Page e Sergey Brin da Alphabet (fundadores da Google) e Mark Zuckerberg do Facebook, fica a impressão que os novos e lucrativos negócios são exclusivamente dos jovens.

    Entretanto, algumas histórias de sucesso tiveram a participação decisiva de executivos seniores para o crescimento das empresas. Um dos fundadores da Apple, Ronald Wayne, era 21 anos mais velho que Steve Jobs quando com sua ajuda a empresa decolou. O atual chairman da Apple, Arthur Levinson nasceu em 1950. O chairman da Google, Eric Schmidt nasceu em 1955, contratado quando a Google fez o IPO (Initial Public Offering) em 2004. Todos da geração Baby Boomers, pessoas nascidas entre a segunda guerra mundial até 1964.

    Existe uma falsa ideia que substituir funcionários mais experientes por jovens sai mais barato, entretanto, existem custos ocultos nesse processo, como por exemplo, os custos das indenizações legais e de agências de outplacement, normalmente contratadas para executivos. O custo de treinamento do sucessor gira em torno de 1,5 vezes do salário do novo funcionário.

    Pensar que os funcionários mais velhos são menos criativos que os jovens também é uma falsa impressão. Os jovens tendem a ter mais ideias criativas que os mais velhos, entretanto, falta a experiência para transformar essas ideias em resultados. A experiência ajuda a criar atalhos para a implementação de novas ideias e mitigar falhas, aumentando as chances de sucesso de um projeto.

    Algumas pessoas acreditam que os funcionários mais experientes têm dificuldade para aprender coisas novas, como tecnologia, por exemplo. Entretanto, esquecem da velocidade de adoção das novas tecnologias pelo mais velhos, incluindo pessoas da terceira idade. Nossos avós usam o Facebook e WhatsApp com facilidade e demonstram conhecimento nos aplicativos.

    Imaginar que treinar os mais velhos para novas funções é jogar dinheiro fora, temos que lembrar que hoje os jovens trocam de emprego com muito mais frequência que tempos atrás. Isso não acontece com os funcionários mais experientes, porque eles conhecem as restrições do mercado de trabalho e procuraram manter seus empregos.

    Por outro lado, contratar funcionários experientes de alto desempenho não é uma tarefa fácil. Muitos executivos seniores ou técnicos experientes que acumularam uma boa reserva financeira e um bom plano de previdência privada, provavelmente, não estão mais dispostos a se submeter a rotina estressante de uma empresa em período integral. Muitos preferem o convívio dos netos e liberdade para atividades de lazer e novos cursos.

    Isso cria a necessidade de desenvolver novos formatos de trabalho, como atividades em tempo parcial (part-time), atividades em projetos por tempo determinado, contratos de interim management para organizar uma área e treinar um sucessor e, atividades que possam ser executadas em home-office.

    Essas modalidades podem ser utilizadas também para outros funcionários como forma de contribuições pontuais para a empresa.

    As startups podem obter contribuições riquíssimas de profissionais mais experientes, tanto como consultores ou como “anjos”, uma modalidade onde o investidor contribui não apenas com o dinheiro, mas com sua experiência profissional para ajudar na alavancagem da empresa.

    Resumindo, não descarte profissionais simplesmente pela idade, muito pelo contrário, avalie como esses profissionais podem contribuir para o crescimento da sua empresa.

  • Downsizing com dignidade

    Downsizing com dignidade

    As empresas estão reduzindo de tamanho (downsizing), seja pelo aumento de produtividade com novas tecnologias, pela perda de mercado para novos competidores ou pela recessão econômica. Uma situação difícil é demitir pessoas. Isso afeta não apenas os empregados que deixam a empresa, mas também as que ficam. Se os empregados percebem que a empresa é apenas uma máquina de fazer dinheiro, os sobreviventes perderão o respeito pela empresa e a moral acaba sendo destruída. Desta forma, é importante não centrar as demissões por questões de eficiência financeira, mas dentro de um contexto de produtividade e mercado.

    Empregados que detém o capital intelectual das organizações são menos atingidos pelo downsizing, pois são os responsáveis pelo aumento de produtividade e transformações dos negócios. É claro que os empregados intelectuais precisam se manter atualizados e gerando soluções de negócios e produtividade de forma permanente. Contribuições passadas não garantem a manutenção do emprego.

    Mesmo assim, os empregados intelectuais não estão livres de perderem o emprego. Por exemplo, em casos de aquisições e fusões de empresas alguns serão afetados. Sobreviverão aqueles mais competentes. Certamente, a compra do banco HSBC pelo Bradesco irá gerar redução de pessoal qualificado, não apenas dos bancos, mas de toda a cadeia de fornecedores que prestam serviços ou vendem produtos para esses bancos. Isso significa que os empregados devem se manter competitivos no mercado e não apenas dentro da empresa.

    A situação é mais complicada para empregados operacionais que podem ser substituídos por novos sistemas de informação, melhores práticas ou mudanças nos negócios da empresa. Por exemplo, os novos sistemas de computação cognitiva usando inteligência artificial e com poderosas ferramentas de interação homem-máquina irão reduzir, drasticamente, o número de operadores de Call Centers.

    Uma medida importante é assegurar que o downsizing está dentro da lei. Por exemplo, se as demissões forem em massa é obrigatório uma negociação prévia com o sindicato. Evite cometer o mesmo erro da Gol quando demitiu os empregados da Webjet em 2012 depois de adquirir suas operações. A Gol convidou os empregados para um evento em um hotel e foram surpreendidos com o aviso de demissão. O ministério público recorreu e a Gol teve que fazer a reintegração dos empregados.

    Tenha sempre em mente duas coisas antes de fazer as demissões: respeito aos empregados e um plano de médio e longo prazo. Compartilhe com os sobreviventes sua visão e seus planos. Isso será importante no futuro se você tiver que fazer demissões involuntárias.

  • A onda do live video streaming

    A onda do live video streaming

    Apesar de não ser uma novidade, o sucesso do Periscope e o lançamento da função live vídeo streaming do Facebook devem impulsionar o uso dessa tecnologia para dispositivos móveis. O YouTube já disponibiliza essa função há pelo menos três anos. O serviço Hangout da Google também possui uma função de live video streaming, o Hangout on Air. Existem outros aplicativos com as mesmas funções, como o Wirecast Go para iOs que funciona usando os recursos do YouTube.

    2016-01-28 (2)

    A popularização desse recurso e aplicativos criará novas oportunidades de serviços, um novo comportamento dos consumidores e, como sempre, questões polêmicas.

    Será possível, em tempo real, transmitir acontecimentos do cotidiano, como reunião de amigos, manifestações populares, aulas, apresentação de produtos e discussões em grupo com grandes audiências. É possível utilizar o Periscope com as câmeras da GoPro ampliando as possibilidades de vídeos em tempo real.

    Como também, transmitir em tempo real lançamentos de filmes diretamente da tela do cinema, peças de teatro, shows de artistas famosos e outros eventos fechados ferindo direitos autorais. Embora, hoje seja comum a gravação desses eventos e divulgação na rede, embora de forma ilícita.

    A Ford usa o Periscope para divulgação de seus produtos, aparentemente, feitas pelos próprios funcionários, dando uma sensação de reality show. O presidente Barack Obama já fez transmissões pelo Hangout da Google em 2013 e 2014, inaugurando uma nova forma de interação com a sociedade. O cineasta Steven Spielberg usou o Hangout para lançamento do filme Lincoln em setembro de 2012.

    Agora com a função de live video streaming no Facebook o alcance será gigantesco. O serviço inicialmente foi lançado nos Estados Unidos para iPhone e depois deverá estar disponível no resto do mundo. Diferente do Pericospe que envia um alerta para todos seus seguidores no Twitter, o Facebook poderá limitar as notificações apenas para seus contatos na rede social.

  • Não precisamos de crédito bancário, precisamos de bons negócios e menos intervenção na economia

    Não precisamos de crédito bancário, precisamos de bons negócios e menos intervenção na economia

    Existe muita gente com dinheiro sem opções para investir no Brasil. Com certeza, aplicar dinheiro em bancos privados é um péssimo investimento. As pessoas com grandes fortunas estão perdendo dinheiro e ainda correndo o risco de aumento de impostos. Nossa bolsa de valores é frágil e restritiva para muitas empresas. No final de 2015 as 289 empresas com ações negociadas na bolsa valiam, juntas US$463,751 bilhões, menos que os US$528,448 bilhões do Google. Parece, e aqui no Brasil tudo parece, que a nova regulamentação de “equity crowdfunding” – sistema de financiamento coletivo para startups – está saindo do papel e deve facilitar a captação de fundos de apoio as novas empresas. O fato é que precisamos de bons negócios, liderados por empreendedores sérios e obstinados, para alavancar novos negócios, gerando mais riqueza e crescimento da economia brasileira. O governo (executivo e legislativo) tem um papel importante, que pode atrapalhar ou ajudar. Atrapalha se continuar a mudar as regras do jogo e legislando unilateralmente. Ajuda se criar mecanismos para simplificar o funcionamento das startups e reduzir os riscos de investidores individuais.

    O sucesso de um negócio começa antes dele ser lançado e está ligado diretamente à rede de relacionamento do empreendedor e sua capacidade de identificar novas oportunidades no mercado.

    O primeiro passo é identificar uma nova oportunidade de negócio, formata-la e testa-la na sua rede de relacionamento. Manter sua ideia em segredo com medo que alguém roube é uma visão equivocada. Colete feedbacks das pessoas e aperfeiçoe sua ideia. Monte um pitch e vá atrás de dinheiro. Evite ao máximo usar dinheiro próprio, compartilhe o risco.

    O segundo passo é os empreendedores colocarem como última opção a busca de crédito bancários para seus negócios. Devem explorar outras opções através da sua rede de contatos, de associações de classe, comunidades locais e programas de incentivo do governo (sim, existem, mas pouco divulgados).

    Uma boa opção é utilizar um sistema de financiamento coletivo para startups – equity crowdfunding – uma nova estrutura para a captação de recursos dentro do sistema de crowdfunding. O modelo usa sociedades de propósito específico (SPE) para investir nas statups. A SPE, também chamada de consórcio societário, é um tipo de personalidade jurídica, organizada na forma sociedade limitada ou anônima, constituída, para um determinado fim, com atuação limitada. Nesse modelo, os investidores fazem aportes por meio de campanhas online nos sites de equity crowdfunding adquirindo títulos de dívida conversíveis emitidos pela SPE. Isso beneficia tanto os investidores, reduzindo o risco de responsabilização que os sócios correm quando ocorrem problemas na empresa, como para os empreendedores que elimina o risco de pulverização de participantes, que inibe a captação de grandes investidores.

    O terceiro passo é buscar colaboradores capacitados e alinhados com a visão do empreendedor e… trabalhar pra caramba!

    O governo tem um papel importante na regulamentação do mercado. A crise econômica de 2008-09 foi, mais uma vez, gerada pela desregulamentação do mercado. Depois das políticas de incentivo dos governos dos países ricos usando o QE – Quantitive Easing – onde o Banco Central compra títulos, tais como títulos do governo, dos bancos e dinheiro eletrônico para aumentar o tamanho de suas reservas bancárias pela quantidade de ativos comprados (daí vem o nome quantative) para baixar os juros e estimular a economia, existe um receio que parte desse fluxo de caixa tenha sido utilizado de forma irresponsável. Isso pode gerar uma nova crise financeira.

    Outro ponto que exige reflexão é como a economia mundial permite que apenas 62 pessoas tenham uma riqueza maior que 3,5 bilhões de pessoas pobres. Isso coloca a necessidade de uma revisão global do sistema financeiro e como melhorar a distribuição de renda. Aqui o papel da comunidade internacional é fundamental para criar um movimento de mudança, um país sozinho não consegue mudar devido ao forte vínculo do poder econômico com os políticos. Um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, onde o Brasil é signatário, tem o compromisso de corrigir essa distorção.

    Entretanto, o governo não pode assumir a condução sozinho da economia e mudar as regras do jogo toda hora. O pior cenário econômico é aquele que muda sem aviso.

    Continuo convencido que a única forma de sairmos da crise econômica e social é o empreendedorismo.