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Autor: Eduardo Fagundes

  • A tecnologia e as finanças globais

    A tecnologia e as finanças globais

    Algumas previsões indicam que o papel moeda acabará nos próximos 10 anos, substituído por transações eletrônicas, embora hoje 85% das transações globais são realizadas em dinheiro (cash).

    O que sabemos é que a economia global é lenta. Já se passaram sete anos do colapso do Lehman Brothers e o mundo ainda vive uma instabilidade econômica e os riscos crescem nos mercados emergentes, como o Brasil.

    O Produto Interno Bruto (PIB) projetado para 2016 é decepcionante e desigual (veja o gráfico). Ao que parece as perspectivas não são nada animadoras. Convivemos com baixa produtividade, envelhecimento da população e o legado da crise econômica de 2008.

    world-GDP-2016-forecast

    Por outro lado, a concentração de renda avança. Hoje 62 pessoas concentram a riqueza de 3,5 bilhões de pobres no mundo. Obvio que alguma coisa está errada. A falta de regulação do mercado financeiro leva a essas distorções.

    Acredita-se que o novo modelo de crescimento chinês, colocando mais atenção ao consumo interno, e a normalização da política monetária nos Estados Unidos poderão trazer mudanças benéficas para o mundo.

    Existe mais um ator importante nesse cenário – a tecnologia. As mudanças tão rápidas estão provocando a quarta revolução industrial. Não as tecnologias em si, mas a velocidade que as mudanças na sociedade e nos negócios estão provocando.

    As mudanças tecnológicas assumiram um papel tão ou mais importante que a regulação dos mercados. Veja o caso do Bitcoin, uma moeda virtual com controle descentralizado. O fato de permitir transações financeiras pessoa-a-pessoa sem o uso de instituição bancaria ajuda na redução dos custos de transação e permite maior facilidade no comércio internacional. Entretanto, pode também ser utilizado para encobrir transações criminosas e o terrorismo.

    Não podemos esquecer que o sistema bancário é totalmente dependente da tecnologia, baseada em sistemas legados muito antigos, pelo menos aqui no Brasil. Sabemos que os principais bancos brasileiros têm enormes desafios para substituir os sistemas antigos, ainda escritos em COBOL, por arquiteturas e sistemas mais modernos.

    A extinção do dinheiro por meios eletrônicos será um avanço e evitará muitas das transações ilícitas atuais. Com a expansão do uso dos smartphone será possível a rápida adoção de sistemas de pagamentos eletrônicos. Por outro lado (sempre tem um senão) aumentam os riscos de ataques cibernéticos e maiores cuidados dos usuários sobre segurança da informação. Por exemplo, um usuário do Bitcoin reformatou seu harddisk e perdeu a senha de autenticação e teve problemas para recuperar seus bitcoins.

    A adoção plena da tecnologia só será possível com a confiança das pessoas nos novos modelos financeiros e nas garantias que seus dados (e dinheiro) não serão roubados por hackers.

    Acredito que o grande desafio será buscar o equilíbrio entre a tecnologia e a regulamentação do mercado financeiro, trazendo confiança para as pessoas.

  • As mudanças no comércio motivadas pelas novas tecnologias

    As mudanças no comércio motivadas pelas novas tecnologias

    A eBay vendeu um relógio Rolex de 18 quilates por US$29,000 às 21h30 na véspera do Natal e o relógio foi entregue no dia seguinte como um presente de última hora. A transação foi feita por um iPhone.

    A eBay vendeu mais de 100 milhões de itens através de dispositivos . móveis entre o Dia de Ação de Graças e o Natal. As mudanças provocadas no comércio com o uso de smartphones e tablets são impressionantes, multiplicando os pontos de vendas de forma exponencial permitindo realizar compras a qualquer hora em segundos.

    Um dos segredos será disponibilizar a plataforma de compras em todos os dispositivos que as pessoas têm acesso: smartphones, tablets, televisores digitais e console de games. Além, é claro, dos antigos dispositivos como notebooks e desktops (ainda existem?).

    Uma das mudanças no comércio será eliminar o conceito de lojas com estoques de produtos e sair atrás de clientes para comprar. A ideia (já antiga) é que o consumidor defina as características de seu produto (estilo, tamanho, cor, etc.) e alguma empresa no mundo o fabrique e entregue em até cinco dias. Hoje, ainda existem dificuldades para isso, como questões aduaneiras, taxas, tarifas, idioma, padrão de medida e marcos regulatórios complexos. Entretanto, se quisermos desenvolver o comércio em larga escala o desafio será eliminar essas barreiras.

    A realidade virtual poderá ser um divisor de águas no comércio. Hoje os jogos (games) usam tecnologias de realidade virtual para aumentar a experiência dos usuários. A ideia é utilizar essas tecnologias para aumentar a experiência de compras, inserindo sensações que não são possíveis nas plataformas atuais.

    Uma outro comportamento dos consumidores que deverá se intensificar é a compra de um produto para uso por tempo terminado e depois colocá-lo a venda. Isso é comum em pais que compram carrinhos de bebês e depois que os filhos crescem eles colocam a venda. Isso deverá se ampliar para outros itens que hoje são simplesmente descartados, gerando um tremendo impacto no meio ambiente. Estima-se que o potencial de redução de lixo com a adoção dessa prática possa chegar a 340 milhões de toneladas, globalmente.

    O mundo on-demand é muito mais sustentável que o atual prática de produção em massa. Isso faz com que a produção (e uso dos recursos da natureza) seja mais próxima a necessidade consumo das pessoas evitando o desperdício.

  • Profissões que os robôs irão substituir em 20 anos

    Profissões que os robôs irão substituir em 20 anos

    Um estudo recente mostra que 47% do total dos empregos nos Estados Unidos está em risco nas próximas duas décadas. As tecnologias estão substituindo o esforço humano com melhor produtividade e custo. Não haverá mais trabalho repetitivo nas fábricas, serão substituídos completamente pelos robôs. Atividades de Call Center também serão substituídas por software de computação cognitiva baseado em inteligência artificial.

    Probability of ComputerisationServiços com o Uber e Airbnb estão mostrando, claramente, os ganhos de eficiência e produtividade. Interessante observar que esses ganhos não são contabilizados como crescimento do PIB, assim como outros serviços criados na quarta revolução industrial.

    Em outras palavras, na nova revolução industrial nem mesmo o calculo do PIB faz mais sentido como parâmetro de mensuração da atividade econômica.

    No novo cenário econômico, os trabalhadores menos qualificados não terão oportunidades e ficarão a mercê de atividades de baixa remuneração, enquanto os trabalhos mais qualificados e alinhados com os negócios da nova economia terão remunerações mais atrativas. Isso criará um abismo entre os trabalhadores qualificados e não qualificados. Entre os não-qualificados estão profissionais com curso superior (e até pós-graduados) com profissões que simplesmente serão substituídas e suas habilidades/paradigmas não serão compatíveis no novo cenário.

    Probability-robots-will-take-your-job-in-the-next-20-yearsUma consequência dessa transformação é o impacto nos planos de aposentadoria públicos. Hoje a discussão é apenas no aumento da idade mínima para se aposentar, entretanto, não está sendo considerado que a transformação das profissões, onde teremos uma massa enorme de trabalhadores de baixa remuneração que deixarão de ter trabalho muito mais cedo do que hoje. O montante arrecado poderá não ser suficiente para oferecer uma vida digna para os aposentados.

    O papel das instituições de ensino e governo é fundamental para reverter esse cenário. Todos, inclusive os empresários, devem trabalhar juntos para ajustar a educação ao novo cenário de trabalho e garantir a requalificação dos trabalhadores.

    Não faz sentido, por exemplo, um grande banco comercial substituir milhares de trabalhadores do seu Call Center do Serviço de Atendimento a Clientes (SAC) por um sistema de computação cognitiva, como o Watson da IBM, sem um programa de requalificação dos empregados.

    Novos tempos, novos desafios.

  • Esqueça as soluções do passado, o mundo mudou

    Esqueça as soluções do passado, o mundo mudou

    Analisando o índice Big Mac, produzido pela The Economist, percebe-se a desvalorização da maioria das moedas frente ao dólar. O Real desvalorizou 32%, o dólar australiano 24% e o dólar canadense 16%. Em tempos passados, quando acontecia uma desvalorização da moeda as exportações costumavam aumentar. Entre 1980 e 2014, de acordo um uma análise em 60 economias do FMI, uma depreciação de 10% da moeda em relação a parceiros comerciais impulsionava as exportações líquidas em 1,5% do PIB no longo prazo, em média. Mas, isso parece que não está acontecendo agora. O Japão é o melhor exemplo, o iene desvalorizou (em 2013 o índice Big Mac mostrava uma desvalorização de 20%, hoje é de 37%). No entanto, as exportações japonesas estão estáveis.

    Alguns países exportadores de commodities estão compensando a queda de receita com o aumento das exportações. É o nosso caso, aumentamos em 10% o volume de exportações, mas mesmo assim reduzimos em 22% as receitas.

    Com o encolhimento da economia da China a vida dos exportadores ficou mais difícil. Entretanto, pelo que mostram os números a vida dos importadores também.

    Esse cenário, aparentemente novo, requer mais criatividade e soluções inovadoras. É impossível querer adotar antigas práticas de negócio nesse momento. Percebe-se que apenas a questão cambial não ajuda muito os produtos se tornarem mais competitivos.

    Não adianta os países fornecedores de matéria-prima aumentarem o volume de exportações a preços reduzidos e depois terem que importar produtos acabados com valores muito superiores.

    Esse cenário pode ser uma boa oportunidade para os países intensificarem seus mercados internos, aproveitando para aumentar a produtividade da indústria e desenvolver produtos ajustados a atual situação e que no futuro possam ser exportados para países com características semelhantes.

    Big-Mac-Index-January-2016