O desafio para aumentar nossa produtividade e competitividade global

Em setembro de 2015, o Fórum Econômico Mundial divulgou o ranking de competitividade dos países com a triste notícia que o Brasil perdeu 18 posições em relação a 2014. Na América do Sul, o melhor colocado é o Chile que aparece na 35ª posição. O primeiro país no ranking é a Suíça, seguido por Cingapura, Estados Unidos, Alemanha e Holanda.

image

Vários fatores reduzem nossa competitividade, destacando-se nossa precária educação e a baixa capacidade do trabalhador gerar lucratividade para as empresas. Enquanto um americano recebe cerca de 120 a 140 horas de treinamento anual, o brasileiro recebe 30 horas. A produtividade do brasileiro em relação ao americano é de apenas 24%, caindo significativamente desde 1980 quando era de 40%. Voltamos aos níveis de produtividade dos anos 50, ou seja, perdemos 65 anos mesmo com os extraordinários avanços da tecnologia. Nossa opção pelo isolamento nos distanciou do resto mundo.

image

Apesar de sermos a 7ª maior economia mundial temos nossas fraquezas. Por exemplo, o valor de mercado da Apple poderia comprar as pouco mais de 500 empresas listadas na BM&FBovespa. Nossa poupança interna é baixíssima que impede o financiamento de empresas e promove a expansão dos negócios, fazendo que novos empreendimentos tenham que ser financiados pelo sistema financeiro.

Saímos da lista de países da fome, mas ainda temos mais de 3 milhões que passam fome. No ranking de educação internacional que avalia a capacidade em interpretação de texto, matemática e ciências de estudantes no último ano do ensino fundamental estamos nas últimas posições. Nossas Universidade formam poucos professores e muitos optam por seguir outras profissionais ou pelo ensino particular, evitando as escolas públicas devido as más condições de infraestrutura e pela crescente violência dos alunos.

Temos que melhorar bastante a gestão nas fábricas. Projetos de melhoria de processos em fábricas de médio porte conseguem melhorar a produtitividade em até 40%. Embora existam incentivos fiscais para a inovação não existe uma adesão maciça por parte das empresas.

Os fatos listados até aqui podem ser causa ou efeito da desindustrialização do país, da reprimarização da nossa economia, da grande massa de jovens nas periferias sem perspectivas de futuro e a nossa precária educação.

O que podemos espera para o futuro? Os pessimistas dirão que a melhor saída é o aeroporto internacional de Guarulhos. Os otimistas dirão que existem milhares de oportunidades. Fico com os otimistas. Somos mais de 200 milhões de habitantes e essas pessoas têm necessidades que devem ser atendidas por produtos e serviços.

Existem inúmeras oportunidades para o crescimento da nossa indústria produzindo produtos inovadores que atendem as necessidades básicas dos consumidores. A Índia irá produzir carros de US$2.000, enquanto os nossos custam no mínimo US$10.000 incluindo os impostos e considerando que o brasileiro tem o dobro da produtividade dos indianos.

Temos que promover a inovação e o empreendedorismo para as pessoas em todos os níveis. Inovação não é uma nova tecnologia ou um aplicativo para smartphone. Inovação é a capacidade do empreendedor de tornar uma ideia em um produto para ganhar dinheiro. Reunir pessoas de comunidade para produzir comida vegetariana com serviço de entrega nas empresas pode ser uma rentável inovação em uma determinada região. Ideias simples podem inserir no mercado de trabalho a massa de jovens que estão marginalizados nas periferias.

Embora utópico e de difícil execução, minha visão seria inverter os gastos em educação entre o ensino fundamental e o universitário. Hoje um aluno nas universidade públicas custa para o Estado cerca de R$20.000,00 por ano, enquanto o aluno do ensino fundamental custa R$5.000,00 por ano. O fato é que sem um ensino fundamental eficiente temos alunos universitários ineficientes que além de desperdiçar o dinheiro dos contribuintes forma profissionais com baixa produtividade. Para isso os cidadãos devem participar das audiências públicas para obrigar os servidores públicos que administram o ensino a seguir a orientação da população. Ainda em mundo utópico, os dirigentes públicos da educação devem ser políticos eficientes, aqueles que conseguem capturar as necessidades da nação e forçar os técnicos a desenvolver estratégias de transformação.

Jeito tem. Temos que nos unir para transformar.