Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: inovação

  • Falta dinheiro ou falta habilidade dos gestores de TI para implantar novas tecnologias?

    Uma pesquisa com 100 profissionais de TI realizada pela SolarWinds em novembro de 2013 no Brasil, mostrou que 61% dos entrevistados apontam as restrições orçamentárias como o principal obstáculo para a implantação de novas tecnologias nas empresas, seguido pela incapacidade para provar o ROI (48%) e a falta de profissionais qualificados (44%).  Entretanto, acredito que os obstáculos não são os identificados na pesquisa, e sim a falta de uma estratégia correta para implantar novas tecnologias e a falta de habilidade para negociar com a alta direção da empresa dos profissionais de TI.

    Em um curso sobre tecnologia da informação para engenheiros do MIT (Massachusetts Institute of Technology) o professor Dr. George Kocur afirma que os desenvolvedores de software subestimam a duração das tarefas entre 20-30% e omitem entre 30-50% das atividades dos projetos. Como os prazos são perdidos, existe um esforço maior para explicar as razões do atraso e o replanejamento das atividades. Sobre pressão, a quantidade de erros cresce em 40%, aumentando ainda o tempo e os custos dos projetos. O professor ainda afirma que 75% dos desenvolvedores são introvertidos e que apenas 33% têm habilidades de negociação.

    Acredito que o ponto fundamental é adotar uma estratégia de implantação de novas tecnologias que diferencie, claramente, os projetos de excelência operacional e os projetos experimentais de inovação.

    Os primeiros, devem adotar tecnologias e práticas robustas para garantir redução de custos e melhorar a produtividade. Essa estratégia vale para projetos que atendem a normas regulatórias e de melhoria contínua, adotando as experiências bem sucedidas do mercado.

    No segundo caso, os projetos de inovação devem começar pequenos e com critérios de cancelamento bem definidos. Como experimento, o cancelamento é parte do processo e não um erro.  Aqueles projetos que se mostrarem viáveis é possível estimar os investimentos e o ROI a partir do seu histórico de desenvolvimento e benefícios para a organização.

    Os projetos de excelência operacional já contam com um histórico de implantação no mercado com custos e benefícios conhecidos pelos fornecedores e outros clientes. Querer implantar um projeto de inovação em um processo crítico e consolidado sem um experimento é muito arriscado para o negócio.

    O terceiro obstáculo identificado na pesquisa, sobre a falta de pessoal qualificado, é uma questão de gestão. Parafraseando Thomas Friedman em seu livro O Mundo é Plano, a TI é plana. É possível encontrar desenvolvedores qualificados em vários lugares do planeta, e em alguns casos, mais baratos que os profissionais locais.

    Portanto, se adotarmos um estratégica que diferencie projetos de melhoria contínua e de inovação teremos muito mais chances de conseguir o dinheiro para implantar novas tecnologias.

  • Pare de reclamar e esperar a ajuda do governo. Aumente sua produtividade e lucre mais.

    O empresariado brasileiro precisa resolver o problema da nossa baixa produtividade, ponto. Viver sob a tutela dos subsídios do governo não cria condições para saltos, significativos, de produtividade. Temos parar de reclamar e esperar a ajuda do governo. Podemos trabalhar em cinco áreas para melhorar nossa produtividade: educação; tecnologia e inovação; burocracia; infraestrutura; e, competição externa. Esse artigo explora os desafios e apresenta algumas ideias para debate.

    A produtividade no trabalho (PT) é a medida econômica que mede a produção de cada trabalhador por hora. A medida para um país é a divisão do PIB pelos trabalhadores ocupados ou o total de horas trabalhadas, considerando as horas extras. Nas empresas, é a divisão da produção total pelo número de horas/homem, incluindo não apenas as horas dedicadas ao processo de manufatura, mas os processos de gerenciamento e supervisão.

    Segundo a entidade Conference Board que pesquisa a produtividade nos países, em 2013, o Brasil teve a menor entre os países latino americanos. Nesse período, a média brasileira foi de US$10,8, enquanto o Chile foi de US$20,8, México de US$16,8 e a Argentina de US$13,9.

    A mesma entidade mostrou que em 2013 nossa produtividade cresceu apenas 0,8%, ante a um declínio de 0,4% em 2012. Como comparação, a China em 2013 teve um aumento de 7,1%.

    A educação é um fator importante para o aumento da produtividade. Países como a Coreia do Sul que investiram em educação décadas atrás obtiveram aumentos significativos de produtividade e, consequentemente, crescimento econômico. Uma das razões para a educação não contribuir com o aumento da produtividade é a falta de alinhamento entre o currículo escolar e as necessidades do mercado.

    O ensino técnico é importante para melhorar a produtividade. Entidades como o SENAI e o programa de PRONATEC contribuem no esforço de melhorar a produtividade. O FIES, financiamento estudantil, facilita o acesso dos estudantes a Universidade.

    Aumentamos em dois anos do nível de escolaridade dos trabalhadores nos últimos anos, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), entretanto, esse fato pouco afetou na melhoria da produtividade. Um fator que prejudica o desempenho dos estudantes é o fato que, segundo o Instituto Paulo Monteiro, cerca de 40% dos nossos estudantes universitários são analfabetos funcionais.

    Na área de tecnologia e inovação temos outro desafio. Isentar as altas taxas de importação de equipamentos só se não existir um similar nacional com a mesma função, mesmo que este use tecnologia ultrapassada. Embora essa medida proteja a indústria nacional, prejudica nossa produtividade se as empresas locais de equipamentos não investirem em pesquisa e desenvolvimento e ficarem com tecnologias obsoletas. Ou seja, importar equipamentos avançados pode ser inviabilizado pelos custos de importação.

    O governo incentiva a inovação através da Lei do Bem, que oferece subsídios fiscais para investimentos em inovação. O FINEP oferece subvenção para empresas que contratem pesquisadores (doutores e mestres) para projetos de inovação. Existem vários programas federais e estaduais de incentivo a inovação, alguns a fundo perdido, como o Programa de P&D do setor elétrico que destina 0,25% da receita liquida das concessionárias para projetos de pesquisa.

    Apesar dos incentivos, segundo o escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, especializado em propriedade intelectual, o Brasil fez 215 registros de patentes nos Estados Unidos em 2011, contra 3.174 da China, 1.234 da Índia e 298 da Rússia.

    O excesso de burocracia no Brasil é crônico. As empresas têm que manter um contingente de pessoas na área administrativa para atender aos requisitos legais. A quantidade de impostos e o avanço do controle do governo sobre as contas das empresas exige a implantação de sistemas de informação que tem como único retorno de investimento o custo evitado de multas fiscais ou previdenciárias.

    Nossa infraestrutura requer uma atenção à parte. Nossa malha ferroviária foi sucateada. Nossas rodovias quando boas, como no Estado de São Paulo, são caras devidos aos pedágios. Quando ruins, em sua maioria, deterioram os caminhões e ônibus exigindo mais manutenção, são perigosas e atrasam o escoamento da produção do agronegócio e de manufaturados, como os da Zona Franca de Manaus. Nossos portos estão esgotados. Apesar da nossa imensa costa marítima, temos poucos portos de grande capacidade para escoar nossa produção e importação de produtos e matéria prima. Os governos municipais priorizam obras de transporte público e automóveis interligando seus principais centros econômicos aos bairros residenciais. As empresas de taxis e motoristas independentes têm subsídios para a aquisição de carros, porém não tem subsídios para combustíveis e manutenção.

    Os serviços de telecomunicações são caros e disponíveis com certa qualidade apenas nos grandes centros urbanos que trazem retorno de investimentos atrativos para as operadoras. Nossa produção e transmissão de energia é um fator que limita o desenvolvimento e a expansão da economia. Em 2014, o déficit das distribuidoras de energia deve fechar em cerca de R$60 bilhões devido a compra de energia mais cara das termelétricas e da impossibilidade de repasse dos preços para o consumidor por estratégia do governo. Esta dívida será paga pelos consumidores ao longo do tempo. Nosso saneamento básico, mesmo nos grandes centros urbanos, é precário.

    Nossa competição externa é comprometida pela nossa baixa produtividade e supervalorização do Real. Além disso, o país tem poucos acordos bilaterais que incentivem o comercio e a transferência tecnologia. Incentivamos relações com países que oferecem pouco retorno a nossa economia, como países africanos e latino americanos, incluindo Cuba.

    Por todos esses fatores e outros ainda mais complexos nossa economia tem crescimento próximo a zero. Nosso baixo índice de desemprego em torno de 5% não considera as pessoas que desistiram de procurar emprego e as pessoas do mercado informal. As empresas contratam vários empregados, com salários baixos, para compensar a falta de produtividade.

    Reclamar não adianta. Nas últimas eleições, a maioria da população optou pela continuidade do atual governo e, dificilmente, o cenário governamental se altere.

    Mas afinal, o que podemos fazer para melhorar a economia do nosso país, não esquecendo a sustentabilidade ambiental?

    Irei compartilhar algumas ideias para debate. Salve o melhor juízo.

    Na área da educação, as associações de classe e os sindicatos patronais poderiam se mobilizar para desenvolver currículos acadêmicos alinhados com as necessidades do setor que representam. Esses currículos seriam compartilhados com as faculdades locais para a criação de curso de extensão universitária, aperfeiçoamento e especialização. Esses cursos podem ser implantados rapidamente com aprovações internas das entidades de ensino, sem a interferência do MEC. Para os cursos técnicos, as associações e sindicatos podem requer aperfeiçoamento de cursos existentes e novos cursos do PRONATEC alinhados com as necessidades das empresas locais.

    As empresas poderiam criar Universidades Corporativas em parcerias com empresas de treinamento especializadas ou Universidades para formar seus empregados com contrapartidas de ambos os lados. Compromissos com aumento de produtividade e aumento real de salários das pessoas comprometidas.

    O ensino à distância deve ser incentivado pelas escolas e empresas. Vários estudos demonstram que o EaD é mais produtivo que o ensino presencial. Participei do projeto FORDSTAR da Ford nos Estados Unidos para treinamento de técnicos e vendedores das concessionárias. Nesse projeto os instrutores puderam cobrir entre 20-30%mais conteúdo durante o telecurso, as notas dos alunos foram 20% melhores e o tempo fora dos escritórios e oficina foi reduzido em mais de 50%. Através do FORDSTAR, a equipe treinamento foi capaz de atingir mais de 45.000 técnicos e 50.000 vendedores em questão de dias. A tecnologia de aprendizado reduziu o treinamento em classe de uma média de 31 dias para somente nove, e um grande número de pessoas puderam ser treinadas simultaneamente.

    Na área de tecnologia e inovação, as associações e sindicatos patronais poderiam reivindicar novos critérios para a importação de equipamento de tecnologia avançadas. Um dos critérios seria o índice de produtividade que o equipamento traria para a empresa. Se ficar provado que o índice de produtividade é maior do equipamento a ser importado do que o similar nacional, seria aplicado um redutor nas alíquotas de importação. Isso incentivaria a indústria nacional a buscar a inovação, tanto do lado de equipamentos como das empresas usuárias desses equipamentos.

    As Universidades, Centros Universitários, Faculdades e Centros de Pesquisa deveriam propor leis de incentivos fiscais federais, estaduais e municipais para investimentos de empresas em projetos de pesquisa e desenvolvimento. Atualmente, a maior parte dos fundos são provenientes do FINEP e outros órgãos governamentais de incentivo a inovação, como a FAPESP, limitando a capacidade de investimentos.

    Novas tecnologias devem ser utilizadas para melhorar a produtividade, tais como: Cloud Computing; Big Data; Análise Avançada de Dados; Aplicativos Móveis; e, Internet of Things.

    O Cloud Computing permite compartilhar uma fração de recursos computacionais de um grande fornecedor, reduzindo esforços de segurança, atualização tecnológica, operação, treinamento, eficiência energética e emissão de gases do efeito estufa. Além de reduzir o espaço físico e infraestrutura de refrigeração necessárias para um data center.

    Big Data e ferramentas analíticas permitem manipular e analisar “montanhas” de dados para identificar tendências comportamentais de consumidores e ativos físicos. Na área de Marketing, os benefícios são enormes para a definição de novos produtos e modelos de negócios. Na área de monitoração e manutenção pode-se antecipar defeitos, evitando ou minimizando seus impactos. Também, são utilizadas para reduzir fraudes e mitigar riscos operacionais.

    A Internet of Things (Internet das Coisas) permite a interação máquina a máquina (M2M), permitindo uma melhorar integração entre os atributos pessoais e de ativos físicos com aplicações móveis e outros sistemas. Por exemplo, é possível monitorar remotamente os sinais vitais de pacientes através do uso de sensores em contato com o corpo.

    Para minimizar os efeitos da burocracia nas empresas uma solução é terceirizar os processos que não agregam valor para a empresa. Não faz sentindo manter funcionários na empresa apenas para atender as exigências fiscais e trabalhistas. Essas pessoas impactam no índice de produtividade de trabalho. O BPO – Business Process Outsourcing – são contratos de serviços que transfere parte da responsabilidade e operação de processos específicos de negócios para empresas especializadas. Nessa modalidade o fornecedor se responsabiliza por eventuais multas aplicadas por erros no processo, evitando desembolsos da empresa. Embora, a empresa seja, formalmente, responsabilizada. Muitos serviços de BPO envolve o uso do software do fornecedor, simplificando ainda mais o processo. Isso significa que todas as alterações de legislação e cumprimento de prazos legais ficam sob a responsabilidade do fornecedor.

    Para mitigar os impactos da falta de infraestrutura existem várias alternativas. Uma ação é mapear onde os funcionários residem e montar escritórios próximo a suas casas. Isso evitaria o trajeto diário para o escritório central que, normalmente, fica localizado em centros empresarias. Isso aumentaria a qualidade de vida dos funcionários. Alguns poderão até almoçar em casa. Dependendo da localização, a manutenção do escritório tem custo menor por metro quadrado. Ajuda na retenção de talentos. Os escritórios servem, naturalmente, como estratégia de continuidade de negócios em caso de inoperância do escritório central. Se várias empresas adotarem a descentralização dos escritórios haverá uma redução do trânsito nas cidades e transportes públicos com menos passageiros.

    Associado com a descentralização dos escritórios, o uso intensivo de ferramentas de colaboração remota trará um enorme salto de produtividade. O uso de videoconferência, compartilhamento de documentos, integração do sistema de voz corporativo com os smartphones pessoais entre outros, são exemplos de funcionalidades que aumentam a produtividade.

    Para aumentar nossa competitividade externa temos que avançar no desenvolvimento de produtos inteligentes com alto valor agregado em software embarcado. Se não somos competitivos na manufatura de produtos, temos que agregar valor de outra forma. O desenvolvimento de produtos com tecnologia de Internet of Things é um dos caminhos para o crescimento. Ou seja, fazer com que nossos produtos, mesmo que parte fabricada no exterior, incorpore funcionalidade de interação para monitoração e controle por software. Com isso podemos desenvolver aplicativos móveis que interajam com os produtos. Como resultado conseguiremos coletar milhões de dados de clientes e criar novas gerações de produtos.

    Software é um produto altamente escalável e não exige elevados investimentos de manufatura. Poderemos ser reconhecidos pela criatividade de soluções de interação com produtos físicos.

    Se você tem outras ideais compartilhe.

  • A inovação e o Planejamento

    O quarto trimestre do ano é o período de planejamento do ano seguinte e revisão dos próximos anos. A questão central é: quanto a empresa quer crescer nos anos do horizonte do planejamento. Os demais temas, como lançamentos de produtos, melhoria de alguns parâmetros de negócio, distribuição de dividendos para os acionistas e modelo de negócio, estão vinculados ao objetivo de crescimento financeiro da empresa. O conselho de administração ou do dono da empresa deve decidir se deseja um crescimento moderado ou agressivo.

    Adotar o critério de um crescimento moderado é apostar na continuidade do negócio atual, melhoria dos produtos atuais e lançamento de produtos da mesma linha para o mesmo mercado consumidor. Esse cenário conservador é menos arriscado, porém os índices de crescimento são modestos.

    O desafio de um crescimento agressivo envolve a implantação de vários projetos de inovação, prevendo a entrada em novos mercados com novos produtos para aumentar, significativamente, a receita da empresa. Essa a abordagem traz um risco maior, porém a expectativa de resultados é mais atraente.

    Se analisarmos as duas abordagens no longo prazo, chegamos à conclusão que a postura conservadora tem maior risco do que a agressiva.

    Empresas conservadoras que adotam o conceito de inovação incremental de produtos podem não detectar o movimento de empresas agressivas que decidiram atuar no seu mercado com produtos disruptivos. Quando perceberem já é tarde para uma reação que garanta a manutenção ou o crescimento de sua participação no mercado.

    Uma boa estratégia é adotar um modelo hibrido. Desenvolva um planejamento conservador para a sua linha de produtos e modelo de negócio atual para garantir a receita e desenvolva um planejamento com um portfólio de produtos inovadores para testar novos mercados com novos produtos.

    Desta forma, a empresa reduz os riscos, mantém as receitas atuais e se prepara para enfrentar a concorrência de novos entrantes em seu mercado.

  • A Lei do Bem e a inovação

    Quem inova tem incentivos do governo através de isenções fiscais ou subvenções econômicas pela FINEP – Financiadora de Estudos e Pesquisa – órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia – concedidas para a contratação de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, empregados em empresas para realizar pesquisa e desenvolvimento.

    Essas isenções e subvenções estão previstas na Lei nº 11.196/2005 de apoio à inovação tecnológica conhecida como a Lei do Bem. A Lei melhora a atratividade de investimentos em inovação e incentiva o registro de marcas e patentes no exterior para proteger o capital intelectual de pesquisa e desenvolvimento realizados no Brasil.

    Alguém poderia perguntar por que o governo incentiva a inovação nas empresas sabendo que isso traz enormes benefícios para elas? A inovação aumenta a produtividade, cria novas oportunidades de negócios, abre novos mercados, gera crescimento, criar mais empregos e aumenta a arrecadação de impostos.

    Imagine que estamos em um mercado de concorrência perfeita, onde existem muitos vendedores e consumidores para um determinado tipo de produto. Um diferencial importante é o custo final do produto. As empresas que adotaram inovações e usam a Lei do Bem conseguem ser mais competitivas em preço, pois as isenções fiscais e subvenções econômicas conseguem reduzir o preço de vendas sem alterar a margem de lucro.

    Seguindo essa lógica de superar a concorrência pela inovação e usando a Lei do Bem, nossa indústria teria um crescimento expressivo. O desenvolvimento de produtos inteligentes utilizando tecnologias de Internet of Things e projetos de sustentabilidade ambiental oferecem inúmeras oportunidades de inovação.

    A inovação requer um processo estruturado para garantir a execução de uma ideia. As empresas adultas possuem muitas práticas de gestão de seus processos de negócios, entretanto, pela minha experiência, pouca possuem um processo formal de inovação.

    A ausência de um processo de inovação cria obstáculos para definir novos produtos e práticas de gestão de negócios inovadoras, dificultando a redução dos custos de desenvolvimento e produção usando a Lei do Bem.

    Ser competitivo significa explorar todas as oportunidades de redução de custos de desenvolvimento, produção, logísticas, vendas e processos administrativos e financeiros. Isso se faz com inovação.

  • Resolva seu problema e venda a solução para outros

    Muita gente tem problemas parecidos com os seus. Se você encontrou uma boa solução para o seu problema, tenha certeza que ela servirá para outros. Este é ponto em que define o empreendedor. Identificar algo que possa facilitar a vida das pessoas, tornar a solução um produto e vender.

    Uma boa prática é anotar todas as suas ideias que solucionam problemas do cotidiano e avaliar quais poderiam se tornar um produto, depois avalie qual a que teria o melhor desempenho em vendas.

    Um exemplo de como uma necessidade pessoal pode se tornar um bom negócio é a história de Thiago Camelo. Ele estava cursando o mestrado de psicologia e tinha dificuldade para encontrar alguns títulos de livros, principalmente em sebos. Para resolver o problema ele criou um site para catalogar os livros dos sebos. Atualmente, o site de comércio eletrônico Estante Virtual vende milhares de livros diariamente e tem mais de 1.300 sebos cadastrados e mais de 12 milhões de livros no catálogo. Thiago resolveu o seu problema e de milhares de pessoas.

    Tornar uma solução em um produto requer análise de mercado e buscar diferenciação de produtos similares. Um método que recomendo é do Oceano Azul formulado por Kime e Mauborgne. O método identifica os atributos de valor dos produtos concorrentes e incentiva o empreendedor a buscar novos atributos para diferenciação, criando um oceano azul livre de concorrência direta.

    O próximo passo é estabelecer um modelo de negócio. O modelo deve contemplar o segmento de clientes para o produto, identificar quais os propósitos de valor para os clientes, como será o relacionamento com mercado, os parceiros, as atividades e as receitas e despesas. O modelo Canvas proposto por Alexander Osterwalder é uma excelente ferramenta para desenvolvimento de um modelo de negócios.

    Por último você deverá avaliar se o produto terá volume de vendas e se sua estrutura de vendas é escalável. Uma forma de testar o mercado é através de protótipos e pesquisa de mercado. Vá a campo e teste. Veja qual a reação das pessoas quando você apresenta o produto. Colha feedbacks e ajuste o produto.

    Se o produto se mostrar atraente vá em frente.

  • Podemos crescer na crise?

    As notícias econômicas dos últimos meses podem gerar depressão e otimismo. A depressão vem daqueles que não planejaram e possuem poucas linhas de produtos ou, para os profissionais, com uma única habilidade. Os otimistas que se planejaram estão colhendo os resultados positivos e identificando novas oportunidades de negócios. A resposta para a pergunta do título, então, é: sim.

    Nenhuma crise econômica acontece da noite para o dia. Nenhum evento acontece por um único fator, eles ocorrem por uma sequência de fatores que podem ser previstos com antecedência. Óbvio: a crise econômica de 2008 não era uma “marolinha” para o Brasil. Quem entendeu isso e diversificou sua linha produtos e mercados, hoje está em uma situação mais confortável em relação àqueles que não mudaram suas práticas.

    O comportamento dos consumidores é influenciado pelas mudanças da economia e por expectativas, como a sua manutenção no emprego e melhoria do poder de compra. Quanto mais indicadores da economia e comportamentais conseguirmos relacionar, de preferência em grandes volumes, melhor será nossa análise. O volume de dados é importante para identificarmos as tendências, que podem ser mascaradas pela baixa quantidade de informações.

    Nós, seres humanos, tendemos a sofrer de várias falhas cognitivas e vieses que distorcem nossa capacidade de fazer previsões precisas. Quando montamos uma crença ao redor de algo, tendemos a nos aferrar nela. Deixamos de lado provas que nos contradizem e focamos apenas em fatos que apoiam nossas crenças preexistentes.

    Considero três pontos importantes no planejamento de crescimento empresarial e evitar falhas: montagem de cenários prospectivos; formação de uma equipe com talentos diversificados; e, uso de técnicas analíticas baseadas em Big Data.

    Com técnicas analíticas e contribuições de especialistas de vários setores é possível criar cenários futuros. A partir desses cenários estudar a participação em novos mercados, criação de novos produtos e mudanças de abordagens com o atuais consumidores.

    Felizmente, os recursos tecnológicos de Big Data e de sofisticados softwares analíticos estão disponíveis no ambiente de Cloud Computing com preços acessíveis para empresas de qualquer porte.

    Os desafios são a formação de uma equipe talentosa e acesso a diferentes bases de dados para executar as análises. Isso pode ser contornado criatividade, colaboração e recompensa por resultados.

    Espere a próxima crise econômica preparado.

  • A inovação está na simplicidade

    Olhe a sua volta e observe quantas coisas sofisticadas nos cercam. São computadores, smartphones, tablets, televisores conectados na Internet que respondem aos nossos gestos, relógios que tiram fotos e medem nossa pressão arterial e batimentos cardíacos entre outros. Isso pode sugerir que uma inovação deve ser tão ou mais sofisticada do que esses artefatos que nos cercam. Pensando assim podemos perder grandes oportunidades, pois muitas vezes a inovação está em coisas simples que facilitam a vida das pessoas.

    Veja a origem dos restaurantes McDonald’s nos Estados Unidos em 1948. Os irmãos Richard e Maurice eram proprietários de um drive-in e resolveram mudar de ramo porque o negócio não atraia mais as famílias que consumiam alimentos e bebidas devido à grande concentração de jovens que ocupavam o espaço sem consumir.

    Fizeram mudanças radicais nas práticas dos restaurantes da época. Entre elas, reduziram o cardápio para apenas 9 itens para facilitar a escolha dos clientes. Eliminaram os pratos e talheres e entregavam os produtos em sacos de papel. Com isso conseguiram reduzir o número de empregados.

    A redução dos custos foi repassada para os clientes, chegando a reduzir o preço de alguns itens em até 50%. Simples. O cliente chega, escolhe rapidamente o item, paga, recebe em menos de um minuto e vai embora.

    No mundo da tecnologia, um dos exemplos de simplicidade é o iPod idealizado por Steve Jobs. Um equipamento controlado por apenas um botão.

    Agora observe novamente e veja que apesar de sofisticadas as coisas estão cada vez mais simples de se usar. A maioria dos softwares que utilizamos não precisam de manual de instrução, seu uso é intuitivo. Quanto mais simples, maior será o número de pessoas aptas a utilizar o produto.

    Concluindo, um dos maiores desafios da inovação é a busca da simplicidade.

  • A inovação em uma TI hibrida

    Os grandes provedores de tecnologia estão migrando seus softwares para Cloud Computing. A Microsoft, SAP, IBM, Adobe e outras já ofertam suas soluções na nuvem. A SAP anunciou uma nova estrutura organizacional orientada a Cloud Computing. Essa movimentação dos fornecedores para a nuvem obrigará, mais cedo ou mais tarde, as empresas usuárias a se reorganizarem para alinhamento na nova onda tecnológica. Isso significa que no planejamento da TI de médio e longo prazo a plataforma de nuvem deve estar prevista.

    Apesar da resistência de algumas empresas ao Cloud Computing e em executar seus sistemas em ambientes externos isso parece ser um caminho sem volta. Se existe esse movimento das empresas, que sempre seguem a voz do cliente, significa que existe o consenso que esse é o novo paradigma da tecnologia e as forças de mercado levarão ao alinhamento de todas as empresas que buscam competitividade.

    O ambiente de Cloud Computing é mais seguro e tem a melhor relação custo/benefício para a maioria das empresas pequenas e médias, baseado na minha experiência como consultor. Para as grandes, depende de caso a caso. Uma alternativa para as grandes é implantar a plataforma de Cloud Computing interna, como está fazendo o SERPRO. Isso flexibiliza a adoção no futuro de serviços externos ou prover serviços para clientes baseados na nuvem.

    Serviços com funcionalidades padrão para atender processos padrão não geram inovação, apenas garante os mesmos níveis de competitividade para as empresas. Desta forma, é importante que as empresas estabeleçam uma plataforma flexível e integrável com os ERPs para implantar funcionalidades inovadoras para negócios inovadores.

    Imagino que a próxima onda de inovação será a criação de uma plataforma hibrida aproveitando as informações geradas pelos ERPs padrão e trabalhando com esses dados para produzir novos serviços baseados na análise das informações, incluindo o Big Data.

    As empresas que implementarem novas plataformas de tecnologia combinando o Cloud Computing na modalidade de SaaS (Software as a Service) e PaaS (Platform as a Service) ou IaaS (Infrastructure as a Service) terão vantagem competitiva no curto, médio e longo prazo.

    inovacao na ti hibrida