Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: inovação

  • Não seja fiel aos seus projetos e sim aos seus objetivos

    Plano de negócio é baseado em premissas. Ele define seus objetivos que são traduzidos em projetos. Perseguir os objetivos e entregar os projetos demonstram perseverança e capacidade de execução. Concluí-los significa prestigio na organização, garantia de bônus financeiro ou a realização de um sonho.

    Entretanto, a obstinação para concluir um projeto pode tirar do seu radar as mudanças do mercado, que podem reduzir ou eliminar os benefícios planejados. Infelizmente, muitas empresas possuem métricas de desempenho baseadas na execução de projetos, desestimulando as pessoas a aproveitar uma nova oportunidade de mercado.

    Organizações de alto desempenho focam no crescimento e na sustentabilidade, se ajustando as condições do mercado para aproveitar novas oportunidades. Essa dinâmica implica na avaliação contínua do portfólio de projetos da empresa.

    Criar ou cancelar projetos deve fazer parte da rotina das empresas. Quanto mais cedo você cancelar um projeto que perdeu o sentido em virtude de mudanças do mercado, maiores serão as chances de realizar projetos mais atraentes e lucrativos.

    Para transformar sua organização são necessárias duas coisas. A primeira é a mudança cultural de cobrança de projetos para objetivos. A segunda é o uso de uma ferramenta de gestão de portfólio de projetos.

    As ferramentas de gestão de portfólio avaliam de forma analítica, continuamente, a atratividade dos projetos, ajudando nas tomadas de decisões sobre investimentos. Cancelar um projeto é liberar recursos para novos projetos que trazem mais benefícios. A vantagem dessas ferramentas é que a tomada de decisão é analítica e não emocional.

    Eliminando o fator projetos na avaliação de desempenho, naturalmente sua organização se transforma em organização orientada a objetivos. Essa transformação força a inovação. Tira as pessoas da zona de conforto, pois a qualquer momento um projeto pode ser cancelado.

    Na próxima reunião de avaliação de desempenho negocie objetivos de crescimento e sustentabilidade do negócio e não projetos. A inovação e oportunidades de crescimento é que definirão os projetos. Seja fiel aos seus objetivos e não aos seus projetos.

  • O lado escuro de uma empresa de sucesso

    Empresas de sucesso trazem excelentes resultados em vendas, satisfação dos clientes, ótimas margens de lucros, funcionários motivados e crescimento empresarial. Nessas empresas, normalmente, as energias são focadas na eficiência de processos, crescimento em vendas e lançamentos de produtos, intimamente, relacionados com os atuais. Afinal, time que está ganhando não se mexe. Entretanto, cuidado. O lado escuro do sucesso é achar que nada pode abalar uma empresa de sucesso.

    O sucesso pode fazer a empresa esquecer os concorrentes e o futuro do mercado. Várias empresas de sucesso tiveram dificuldades por não se prepararem para o futuro e seus produtos foram substituídos por outros. Os exemplos mais recentes são a Kodak, Motorola e Nokia. A melhor forma de se preparar é destruir o seu próprio produto, antes que alguém o faça. Ou seja, mexa no time enquanto estiver ganhando.

    Faça um teste simples, classifique seus produtos em quatro categorias: “pé na cova”; experimentais; estrela; e, “vaca leiteira”. Os produtos “pé na cova” são os tem baixa rentabilidade e devem ser descontinuados. Os experimentais são produtos que sua empresa está testando no mercado. Os produtos estrela são os campeões em participação de mercado e rentabilidade e os “vaca leiteira” são aqueles que se vendem sozinho. O teste consiste em retirar do seu portfólio os produtos “vaca leiteira” e estrela, um de cada vez, e avaliar o impacto no negócio. Aquele produto que gerar o maior impacto negativo busque um substituto.

    O ideal é você ter três “caixinhas” de estratégias. A primeira são as estratégias para os atuais produtos, definindo novos lançamentos e aumento na participação de mercado. A segunda com as estratégias de médio prazo, definindo como serão seus produtos e modelos de negócios em um horizonte de tempo que você tenha uma razoável certeza. A terceira “caixinha” é a estratégia dos sonhos para um período futuro onde o iPhone será peça de museu e muitos dos seus concorrentes atuais não existirão.

    Não deixe o lado escuro do sucesso tirar o brilho da sua empresa, ilumine-o com novos produtos e modelos de negócios inovadores no curto, médio e longo prazo.

  • Inove no Modelo de Negócio

    As maiores oportunidades para novos negócios estão no modelo de negócio. O ponto chave é encontrar uma forma de substituir uma tarefa pessoal ou um processo de negócio de maneira mais conveniente e barata. O desafio de um empreendedor é criar um modelo de negócio que use tecnologias existentes para simplifique a vida das pessoas. Desenvolver uma inovação tecnologia requer tempo, investimento e é para poucos. Criar um modelo de negócio inovador requer criatividade e está ao alcance de todos.

    O principal de fator do extraordinário crescimento da Apple não foram suas inovações tecnológicas, mas a criação de um modelo inovador de negócios. Criar o iTunes e a Apple Store gerou uma ruptura no mercado de música e uma enorme oportunidade para pequenos empreendedores de softwares para o iPhone e iPad. O resultado foi uma maior conveniência para os usuários do iPhone. O eBay transformou a forma das pessoas venderem e comprarem produtos usados e artesanais no universo da Internet. Por exemplo, um colecionador de selos tinha que percorrer várias lojas filatélicas para aumentar sua coleção. Depois do eBay, os filatelistas fazem negócios online.

    O primeiro passo para criar um novo modelo de negócios é observar o cotidiano das pessoas e os processos das empresas. A descoberta de uma oportunidade de negócios está nos detalhes. O objetivo é encontrar algo que possa substituir com maior facilidade e custo baixo uma ou mais atividades das pessoas e empresas. Se possível, identificar uma forma de digitalizar essa atividade usando um software, de preferência que possa ser utilizado em equipamentos móveis (smartphones e tablets).

    O segundo passo é testar se o modelo de negócio será aceito pelas pessoas e empresas. Testar é diferente de pesquisar. Faça um protótipo é tente vender. Se as pessoas comprarem, siga em frente para aperfeiçoar e lançar o negócio em larga escala.

    Provavelmente, você terá que desenvolver muitos modelos de negócios até achar um que funcione. Não entenda como fracasso os modelos que não foram aceitos pelas pessoas. Considere um processo de aprendizado.

  • Inovação é execução

    Criatividade é diferente de inovação. A ponte entre uma ideia criativa e a inovação é a execução. O grande empresário e inventor americano Thomas Edison dizia que uma invenção era 1% de inspiração e 99% de transpiração. Não se transforma uma ideia em produto se não existir uma metodologia e processos estruturados que garantam o resultado final. Executar depende de uma liderança capaz de envolver investidores, colaboradores e clientes. Escrevo isso porque vejo muitos jovens com boas ideias, porém não conseguem tirá-las do papel.

    Criatividade vem da observação e interação com as pessoas. Vá a campo. Entenda as dificuldades das pessoas e busque soluções para simplificar a vida delas. Só se compra algo quando se vê valor no produto. Identificando uma ideia você completou 1% do processo de inovação. Vamos agora para os outros 99%.

    Se você quer empreender faça uma retrospectiva da sua vida até agora. Concretamente, quais foram os projetos que você conseguiu realizar? Você teve habilidade para ultrapassar obstáculos? Teve que influenciar pessoas, dentro da ética e respeito, para conseguir atingir seu objetivo? Se você respondeu sim a todas as perguntas vá em frente. Se não, execute algum projeto que não coloque em risco o seu dinheiro e de outros. Uma alternativa é associar-se com alguém que já tenha executado algo relevante.

    O próximo passo é melhorar a ideia. Identifique quais os atributos de valor do seu produto. Eles estão relacionados com a utilidade e percepção dos consumidores, e as características do mercado alvo. Compare com os atributos dos produtos concorrentes. Quanto mais novos ou fortemente diferenciados forem os atributos do seu produto maior será a chance de sucesso. Nessa fase já é possível buscar um investidor para apoiar o seu projeto.

    Faça um protótipo e teste seu produto em um nicho de mercado. Converse com as pessoas. Pergunte do gostaram e o que poderia ser melhorado. Use intensamente as redes sociais para divulgar seu produto. O custo é menor e você pode interagir, diretamente, com os consumidores. Avalie modificações no seu projeto.

    Com os resultados da fase inicial reavalie sua estratégia de marketing. Vá em frente. Lembre-se que uma grande jornada começa com o primeiro passo.

  • O lado humano da inovação

    Tenho aplicado muitos workshops sobre inovação nas empresas com o objetivo de criar novos produtos e modelos de negócios. Um fato interessante é que para a maioria das pessoas a inovação está associada às atividades empresariais e não para as atividades pessoais. Isso é um equivoco e reduz a capacidade de inovação da sociedade. Inovar é fazer algo diferente para se chegar a resultados melhores e diferentes. Isso se aplica a nossa vida cotidiana. Observe sua rotina e procure mudar para ser mais feliz. Sua empresa e a sociedade agradecem.

    A rotina leve ao tédio. O tédio tira a criatividade. Sem criatividade não existe inovação. As pessoas que fazem as mesmas atividades todos os dias acabam executando-as sem pensar. Isso não é novo, Charles Chaplin já caracterizou isso no seu filme Tempos Moderno.  Para muitos sair da zona de conforto é um desafio. Entretanto, parece que todos gostariam de mais aventura e desafios. Isso pode ser constatado pelas vendas do livro Quem Mexeu no Meu Queijo.

    Mas afinal, porque as pessoas não inovam? Uma das razões que não tenho dúvida é a ausência de desafios. Dentro de uma lógica simples vamos criar desafios continuamente. Se ficarmos muito tempo sem ter um desafio, isso passa a ser um desafio.

    Tornar-se uma pessoa inovadora requer treino. Ninguém nasce sabendo jogar futebol. Os melhores são aqueles que treinam com afinco. A recomendação é começar aos poucos. Trace um objetivo de inovação por semana. Por exemplo, decida economizar 10% de suas despesas variáveis. Essa atitude fará você perceber quanto gasta em bobagens. Aquele cafezinho em pé sozinho no balcão de um bar sem graça só pelo habito de tomar café. Melhor seria tomar um cafezinho sentado acompanhado em um lugar agradável.

    E a inovação na vida profissional. Analise se existem sinais no mercado que colocam seu emprego em risco. Será que as atividades que você tem habilidade estão se tornando commodity e podem ser substituídas por um aplicativo de computador ou por uma pessoa mais jovem com salário menor? Se sim, esse é um grande desafio. Achar outra profissão antes que você seja demitido ou tenha seu salário reduzido.

    Não espere mais um minuto. Crie um desafio e comece a inovar.

  • Quais setores da economia brasileira precisam se mover mais rapidamente, para evitar possíveis impactos graves causados por inovações disruptivas?

    Quais setores da economia brasileira precisam se mover mais rapidamente, para evitar possíveis impactos graves causados por inovações disruptivas?

    Como vimos todos os setores estão ameaçados. Essa é a dinâmica do mercado. No caso brasileiro, vejo a maior ameaça é a substituição das matérias primas que exportamos por novos materiais. Atualmente, o equilíbrio da nossa balança comercial é conseguida pelas exportações de commodities, como o minério de ferro. Se alguém conseguir produzir um material sintético que elimine a necessidade do minério de ferro podemos ter dificuldades. Veja o caso do cobre e do alumínio. Atualmente, as linhas de transmissão de energia e telefonia utilizam o cobre e alumínio como condutor. Estima-se que em 2017 teremos mais de 1 bilhão usuários de telefonia móvel através de IP (VoIP) e cresce o número de empresas e residências (algumas através de cooperativas de moradores) utilizando microgeração de energia. Isso poderá reduzir a necessidade do cobre e alumínio, fazendo cair o seu preço no mercado internacional.

    Uma iniciativa disruptiva pode estar vinculada a um país. Veja o caso da China, o pais em si gerou uma disrupção através do custo baixo de sua mão de obra, controle cambial e flexibilização da legislação. A Índia aproveitou o estouro da bolha da Internet e a brutal redução dos custos de telecomunicações por fibra ótica para avançar no mercado de call centers e TI. Hoje existem sinais de aproximação entre a Coréia do Sul e Norte para uma, antes inimaginável, unificação. Imagine combinar a tecnologia da Coréia do Sul com o custo baixo da mão de obra e riquezas da Coréia do Norte. O Brasil tem que criar a sua própria iniciativa disruptiva: infraestrutura, educação, saúde, tributos e flexibilização das leis trabalhistas.

  • Como as empresas devem se posicionar em relação à busca estratégica pela inovação?

    Como as empresas devem se posicionar em relação à busca estratégica pela inovação?

    Primeiro devem criar uma cultura de inovação. Devem rever seu atual portfólio de produtos e avaliar quais que devem ter sua curva de valor (avaliação de atributos dos produtos) revista para atuar em outros mercados e novos consumidores. Desenvolver protótipos e testá-los no mercado. Devem criar novas métricas de desempenho para produtos disruptivos para dar chance de observação. Produtos disruptivos não geram receitas iguais aos produtos estrela das empresas. (no site www.efagundes.com tem um curso online gratuito que mostra o processo de identificação e desenvolvimento de produtos disruptivos).

    É previsto para 2020 que o Brasil terá o seu bônus demográfico, momento onde a maior parte da população será economicamente ativa. Isso trará um aumento de demanda bastante grande e precisaremos de produtos para esses novos consumidores (intrinsecamente conectados na Internet). Em 2030, a população brasileira se manterá estável. Atualmente, o nosso índice de natalidade é de 1,7 por família. O envelhecimento da população gerará a necessidade de novos produtos para essa parcela da população. Parando para pensar, faltam 7 anos para 2020 e 17 anos para 2030. Ou seja, as empresas já devem ter seus planos de negócios prontos para atender seus clientes nesse período.

  • Que mercados e segmentos da economia estão mais “ameaçados” pelas inovações disruptivas?

    Que mercados e segmentos da economia estão mais “ameaçados” pela potencial chegada de inovações disruptivas? Quais ramos de negócios devem ser mudados radicalmente nos próximos anos por conta dessas inovações?

    Todos mercados estão ameaçados. Estou avaliando um produto de uma startup americana que promete exames de sangue por US$1 através de um equipamento portátil conectado ao iPhone. Imagine o impacto nos laboratórios de análises clinicas. Outro produto que estamos envolvidos, também americano, promete produzir lâmpadas LED de alta intensidade por US$5 para iluminação residencial. Os cremes dentais com componentes para clareamento dos dentes, eliminando os tratamentos em consultórios dentários. O carro indiano de US$2.000. A massificação dos óculos da Google que encontrará milhares de aplicações que necessitam de transmissão ao vivo de imagem.

    Como o uso cada vez maior de smartphones vários serviços serão migrados para aplicações móveis. Um que deverá crescer é o uso do smartphone para pagamentos, substituindo os cartões de plástico.

    No setor de energia as mudanças serão grandes. Hoje na Califórnia (Estados Unidos) 10% das mansões não estão conectadas a rede pública de eletricidade, geram sua própria energia. No Brasil, existem 1 milhão de casas sem energia. A queda de preços de painéis fotovoltaicos e outras soluções de conservação e armazenamento de energia podem levar eletricidade para as populações carentes com custos reduzidos. Isso poderá evitar o investimento em linhas de transmissão de energia e a adoção de solução de geração de energia local. As concessionárias de energia estão implantando o “Smart Grid”, sistema de rede inteligentes, que permitirá a criação de pacotes de tarifas de consumo de energia como os da telefonia móvel.

    O preço de microprocessadores de baixo desempenho para sensores está por volta de US$3 no mercado internacional. Isso permitirá que os equipamentos domésticos e industriais possam interagir através da “Internet of Things” (IoT), Internet das Coisas. Novas aplicações serão desenvolvidas com essa tecnologia. Por exemplo, os equipamentos domésticos poderão ser programados para serem desligados, seletivamente, quando o consumo de energia ultrapassar o plano contratado.

    Cresce o número de americanos que estão cancelando as assinaturas de TV a cabo. Só no segundo trimestre de 2012 foram 400.000 cancelamentos. Essas pessoas estão migrando para serviços de vídeo mais baratos como o da Netflix, que tem 30% do tráfego de Internet nos Estados Unidos, Amazon.com, Google TV e o gratuito Youtube.