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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • O ITIL e o Cloud Computing

    Muitas empresas estão investindo em processos de gestão de TI baseados em ITIL. O ITIL é um modelo de gestão para TI reconhecido internacionalmente. Algumas pessoas me perguntam se com a adoção de computação em nuvem – Cloud Computing – pelas empresas o ITIL ainda será importante e se devem continuar investindo.

    O que tenho a dizer é que o ITIL passa a ser mais importante em um ambiente Cloud Computing do que em serviços prestados internamente, pois as empresas estarão comprando um serviço de terceiros para substituir um serviço interno para áreas críticas de negócios. Desta forma, a gestão interna e o controle do serviço são vitais para a manutenção dos níveis de serviço (SLA) e o ITIL pode ajudar muito nessas questões.

    Entendo que deve existir um núcleo de pessoas da empresa que gerenciem os níveis de serviços e sejam responsáveis pelo contrato com as empresas de Cloud Computing. Esse é um serviço que não pode ser terceirizado. Se não você estaria quarterizando o serviço e isso ficaria mais distante do controle da empresa para garantir seus objetivos empresariais.

    O ITIL pode ajudar na definição da estratégia de serviços alinhado com os objetivos de negócios. Lembrando que Cloud Computing não é apenas uma inovação tecnológica, ela passa a ser uma estratégia de negócios da empresa.

    O ITIL também auxilia nas definições de objetivos e níveis de serviços oferecidos pela empresa de Cloud Computing. Essas definições são fundamentais para a contratação do serviço e servem de base para a elaboração da RFP (Request-for-Proposal).

    Para a transição das aplicações para o ambiente de Cloud Computing do fornecedor é importante definir processos e controles robustos para garantir a disponibilidade e integridade do serviço e ter o mínimo de interrupção na transição. O ITIL pode ajudar na definição de atividades e nos controles da mudança.

    A empresa precisa monitorar a privacidade do processamento e as informações, a segurança, a conformidade de acesso e a disponibilidade dos serviços. Todas essas disciplinas são atendidas por processos definidos pelo ITIL.

    Outro ponto importante é o processo de melhoria contínua que deve ser desenvolvido não apenas pela empresa de Cloud Computing mas pela empresa contratante do serviço. A análise de dados, monitoração do ambiente em paralelo, pesquisas com usuários, reuniões de planejamento conjuntas com os fornecedores do serviço são pontos importantes para a eficiência do serviço.

    É importante continuar os investimentos em ITIL nas empresas para consolidar seus processos de gestão de TI e criar uma mentalidade de serviços no pessoal interno.

  • Ecoeficiência

    Hoje é fator de sucesso para as empresas serem Ecoficentes.

    Ser ecoeficiente é entregar produtos e serviços, a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, reduzindo progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada pela Terra.

    Ser ecoeficiente é saber equilibrar o desempenho econômico e ambiental. É saber utilizar racionalmente a matéria-prima e a energia. É saber reduzir os riscos de acidentes. É satisfazer os acionistas, clientes, fornecedores, governo, imprensa, etc.

    Ecoeficiência é um conjunto de ações multidisciplinares que envolve todos na empresa, incluindo fornecedores.

    Para se tornar ecoefiente é necessário mudar a cultura das pessoas e da gestão empresarial. Começa-se com pequenas atitudes. Quantos papeis você utiliza para enxugar aos mãos no banheiro? Porque usar mais de duas folhas? Começando a pensar sobre isso já é uma boa atitude.

    Porque continuar a utilizar monitores de tubo catódico se os monitores de LCD economizam muito mais energia e não são nocivos a saúde? A substituição de monitores é um investimento que se paga em poucos meses.

    Combater o desperdício é vital em uma empresa ecoeficiente. Porque não adotar no mínimo um programa de 5S? Um programa de Six-sigma?

    A maior parte das justificativas é a falta de tempo e que existem outras prioridades. Coloco em dúvida essas afirmações. Redução de custos, preços competitivos, lucro para os acionistas, sustentabilidade da empresa, fortalecimento da marca, expansão de mercado sempre são prioridades nas empresas e se consegue isso sendo ecoeficiente.

  • A Arte da Delegação

    Delegar é uma arte essencial para executivos eficazes. Para delegar deve haver confiança em transferir a responsabilidade de uma atividade para uma outra pessoa atingir um objetivo que é seu. De uma forma mais simples, é pedir para uma outra pessoa fazer o seu trabalho, embora você ainda continue a ser o responsável pelo resultado final.

    Existem dois tipos de delegação:

    1. Aquela em que você passa a atividade mas mantém a responsabilidade e autoridade.
    2. Aquela em que você transfere a responsabilidade e autoridade e compartilha o sucesso e o fracasso do resultado.

    A arte de delegar requer processo. Irei comentar alguns passos importantes para delegar:

    1. Seja consistente. Analise se as atividades que você está delegando faz parte de um processo consistente e estruturado;
    2. Identifique o que precisa e pode ser delegado. Defina claramente as atividades que devem ser delegadas e seus objetivos;
    3. Selecione a pessoa. Dê chances para as pessoas desenvolverem suas habilidades;
    4. Enumere os benefícios da delegação para que você está delegando. Explique o que acontecerá se der certo e os impactos se não der certo;
    5. Negocie o processo de delegação com a pessoa a quem passará a atividade. Lembre-se que você está transferindo uma parte de sua responsabilidade.
    6. Reserve tempo para ajudar as pessoas que você delegou atividades. Dedique parte do seu tempo para acompanhar as atividades e auxilie na tomada das decisões importante.

    Lembre-se que hoje ninguém trabalha sozinho e a colaboração e trabalho em equipe são fundamentais.

  • Antecipe-se as mudanças

    Li novamente depois de quase 20 anos o livro Marketing de Relacionamento de Regis Mckenna de 1991. Esse livro foi escrito antes da bolha da Internet. É impressionante como o livro é atual. Para republicá-lo bastaria trocar alguns nomes de empresas que existiam na época por empresas que nem se sonhava existir como a Google, Facebook e Amazon. Manteria a Apple (é claro!), a Dell, a Intel e a IBM. Mudaria também o nome do principal competidor dos Estados Unidos, do Japão para a China. Lendo o livro agora percebi que a tecnologia mudou o comportamento dos consumidores, mas dentro de um processo contínuo de mudanças. Não necessariamente uma revolução. As empresas bem sucedidas foram aquelas que perceberam as mudanças e tomaram ações para criar novos mercados com o lançamento de novos produtos. Interessante observar que as informações estão disponíveis para todos, porém só consegue êxito quem esta preparado para desenvolver produtos e serviços antecipando-se ao movimento contínuo de mudanças. Isso requer processo e cultura organizacional. Essa é fundamentalmente a missão do marketing. O marketing deve criar mercados, não apenas participar de mercados.

    Porque algumas empresas percebem as mudanças de comportamento dos consumidores e outras não? E não estamos falando de empresas pouco estruturadas e com baixa capacidade de investimentos em marketing. Grandes empresas foram varridas do mercado porque não conseguiram acompanhar as mudanças de mercado. Em mercados altamente competitivos uma única decisão errada pode aniquilar uma empresa, embora uma essa decisão seja precedida de um processo equivocado de percepção do mercado. A culpa não é apenas do CEO, a culpa é de todos. A solução é desenvolver uma cultura de inovação nas empresas. No livro, Mckenna comenta sobre a característica inovadora da Apple, 10 anos antes do iPod. Inovação deve ser parte do DNA da empresa. Ainda hoje existe uma legião de empresas que apenas seguem a Apple. Algumas possuem produtos superiores, porém não são reconhecidas pelos consumidores.

    Veja algumas observações de Mckenna no seu livro 20 anos atrás:
    A diversidade de produtos e serviços aumenta até em pequenos segmentos de mercado.

    1. A competição mundial aumenta.
    2. Os mercados ficam tão segmentados que os nichos tornam-se soberanos.
    3. As distinções entre produtos ficam pouco nítidas.
    4. Os ciclos de vida dos produtos são acelerados.
    5. As organizações diminuem e se reestruturam, procurando novas formas de fazer negócios.
    6. O ambiente de negócios e o curso dos eventos competitivos são imprevisíveis. A previsão e as pesquisas não proporcionam um caminho de ação nítido.

    Segundo Mckenna, o marketing de relações começa com o consumidor. Só é bem sucedido quem visita clientes.

    Hoje acompanhamos alguns eventos que inspiram mudanças e como algumas empresas estão se preparando para elas. Na área tecnologia, a Cisco entrou no mercado de computação em nuvem. Além de continuar a fabricar sua tradicional linha de produtos para redes entrou no mercado de servidores para data centers. A Verizon, empresa de telecomunicações americana, adquiriu a Terremark, uma empresa de telecomunicações que recentemente entrou no mercado de computação em nuvem. A Dell só agora anunciou que está investindo em projetos de computação em nuvem. Essas ações apontam para uma nova mudança no mercado onde as empresas não terão mais data centers e comprarão serviços de computação em nuvem.

    A Borders, segunda maior rede de livrarias americana, pediu concordata e fechou 200 lojas. A Borders atua no mercado há 40 anos. Antes da Borders, a rede Virgin Megastores de Richard Branson já tinha se reestruturado e vendido ou fechado a maioria das lojas. Isso porque caiu a venda de CDs de música e livros. As músicas são baixadas de graça ou compradas na Apple Store. Os livros estão migrando para e-books. Quem percebe antes as mudanças consegue ganhar dinheiro ou pelo menos não perder muito.

    Bom observar que tudo que comentamos aqui não vale apenas para as empresas. Isso vale para as nossa carreiras profissionais. Devemos estar antenados as mudanças do mercado para nos reinventarmos como profissionais e buscarmos constantes mudanças.