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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • O desafio para aumentar nossa produtividade e competitividade global

    Em setembro de 2015, o Fórum Econômico Mundial divulgou o ranking de competitividade dos países com a triste notícia que o Brasil perdeu 18 posições em relação a 2014. Na América do Sul, o melhor colocado é o Chile que aparece na 35ª posição. O primeiro país no ranking é a Suíça, seguido por Cingapura, Estados Unidos, Alemanha e Holanda.

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    Vários fatores reduzem nossa competitividade, destacando-se nossa precária educação e a baixa capacidade do trabalhador gerar lucratividade para as empresas. Enquanto um americano recebe cerca de 120 a 140 horas de treinamento anual, o brasileiro recebe 30 horas. A produtividade do brasileiro em relação ao americano é de apenas 24%, caindo significativamente desde 1980 quando era de 40%. Voltamos aos níveis de produtividade dos anos 50, ou seja, perdemos 65 anos mesmo com os extraordinários avanços da tecnologia. Nossa opção pelo isolamento nos distanciou do resto mundo.

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    Apesar de sermos a 7ª maior economia mundial temos nossas fraquezas. Por exemplo, o valor de mercado da Apple poderia comprar as pouco mais de 500 empresas listadas na BM&FBovespa. Nossa poupança interna é baixíssima que impede o financiamento de empresas e promove a expansão dos negócios, fazendo que novos empreendimentos tenham que ser financiados pelo sistema financeiro.

    Saímos da lista de países da fome, mas ainda temos mais de 3 milhões que passam fome. No ranking de educação internacional que avalia a capacidade em interpretação de texto, matemática e ciências de estudantes no último ano do ensino fundamental estamos nas últimas posições. Nossas Universidade formam poucos professores e muitos optam por seguir outras profissionais ou pelo ensino particular, evitando as escolas públicas devido as más condições de infraestrutura e pela crescente violência dos alunos.

    Temos que melhorar bastante a gestão nas fábricas. Projetos de melhoria de processos em fábricas de médio porte conseguem melhorar a produtitividade em até 40%. Embora existam incentivos fiscais para a inovação não existe uma adesão maciça por parte das empresas.

    Os fatos listados até aqui podem ser causa ou efeito da desindustrialização do país, da reprimarização da nossa economia, da grande massa de jovens nas periferias sem perspectivas de futuro e a nossa precária educação.

    O que podemos espera para o futuro? Os pessimistas dirão que a melhor saída é o aeroporto internacional de Guarulhos. Os otimistas dirão que existem milhares de oportunidades. Fico com os otimistas. Somos mais de 200 milhões de habitantes e essas pessoas têm necessidades que devem ser atendidas por produtos e serviços.

    Existem inúmeras oportunidades para o crescimento da nossa indústria produzindo produtos inovadores que atendem as necessidades básicas dos consumidores. A Índia irá produzir carros de US$2.000, enquanto os nossos custam no mínimo US$10.000 incluindo os impostos e considerando que o brasileiro tem o dobro da produtividade dos indianos.

    Temos que promover a inovação e o empreendedorismo para as pessoas em todos os níveis. Inovação não é uma nova tecnologia ou um aplicativo para smartphone. Inovação é a capacidade do empreendedor de tornar uma ideia em um produto para ganhar dinheiro. Reunir pessoas de comunidade para produzir comida vegetariana com serviço de entrega nas empresas pode ser uma rentável inovação em uma determinada região. Ideias simples podem inserir no mercado de trabalho a massa de jovens que estão marginalizados nas periferias.

    Embora utópico e de difícil execução, minha visão seria inverter os gastos em educação entre o ensino fundamental e o universitário. Hoje um aluno nas universidade públicas custa para o Estado cerca de R$20.000,00 por ano, enquanto o aluno do ensino fundamental custa R$5.000,00 por ano. O fato é que sem um ensino fundamental eficiente temos alunos universitários ineficientes que além de desperdiçar o dinheiro dos contribuintes forma profissionais com baixa produtividade. Para isso os cidadãos devem participar das audiências públicas para obrigar os servidores públicos que administram o ensino a seguir a orientação da população. Ainda em mundo utópico, os dirigentes públicos da educação devem ser políticos eficientes, aqueles que conseguem capturar as necessidades da nação e forçar os técnicos a desenvolver estratégias de transformação.

    Jeito tem. Temos que nos unir para transformar.

  • Big Data, Analytics, IoT and Smart Grid GRC

    O incentivo a geração de energia distribuída em residências e o crescimento de plantas de geração eólica e solar aumentam a complexidade de gestão do sistema elétrico, particularmente no Brasil que possui um sistema de transmissão integrado com dimensões continentais. Já experimentamos vários apagões elétricos por falhas no gerenciamento, problemas técnicos em equipamentos e quedas de linhas de transmissão devido a eventos climáticos extremos ou queimadas. A crescente automação dos processos de monitoração e controle do sistemas introduziu novos ativos de hardware e software passíveis de ataques cibernéticos. É fundamental adotar políticas e processos de governança de segurança cibernética, novas ferramentas de gerenciamento de risco e controles de conformidade para avaliar a aderência com a regulamentação e a legislação, ou o Smart Grid Cyber Security Governance, Risk Management, and Compliance. A correta manipulação do alto volume de dados produzidos pelos equipamentos inteligentes é crítica para o monitoramento e controle do sistema elétrico. Neste contexto, as tecnologias de Big Data, Analytics e Internet of Things são indispensáveis para garantir a alta disponibilidade dos serviços.

    As principais aplicações de uma solução de Smart Grid Cyber Security Governance, Risk Management, and Compliance são:

    •  Identificação de ativos cibernéticos;
    •  Ferramentas de avaliação de risco de ativos cibernéticos;
    •  Documentação da arquitetura, política e padrões do GRC;
    •  Gestão de Mudanças;
    •  Gerenciamento da Configuração;
    •  Monitoração das interfaces de sistemas não empresariais, como SCADA e acesso físico;
    •  Conformidade com a legislação e normas regulatórias;
    •  Preparação e gerenciamento de auditorias.

    O sistema elétrico é complexo envolvendo várias dimensões: mercado; geração; transmissão; distribuição; operação; provedores de serviços e clientes. A integração dos sistemas dentro de cada dimensão e com outras dimensões é fundamental para o perfeito funcionamento dos serviços.

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    Para uma visão integrada e holística do sistema de forma centralizada a única solução disponível hoje é criar um grande banco de dados com tecnologia noSQL, ferramentas avançadas de análise de dados (Analytics) em ambiente de Cloud Computing. A coleta de dados pode ser realizada com soluções de SOA, REST, interfaces com sistemas SCADA e a partir de sensores remotos usando tecnologia Internet of Things. Ter os dados armazenados e fazer análises aleatórias não é produtivo e coloca em risco o investimento, a segurança e a disponibilidade do sistema. É necessário uma metodologia para analisar os dados. Minha recomendação é utilizar o Six Sigma, uma metodologia de melhoria contínua de processos e redução do número de falhas, aplicada tanto para equipamentos como para processos.

    A figura abaixo mostra uma solução para o gerenciamento e análise avançada de dados usando a metodologia de Six Sigma. Esse solução é baseada quase que exclusivamente em software open source, reduzindo consideravelmente os custos de implantação e operação. Uma alternativa é a substituição de software de análise pelo desenvolvimento de programas específicos e reutilizáveis usando a linguagem R.

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    O assunto é complexo e não se esgota apenas na visão apresentada nesse artigo. Recomendo a leitura de outros artigos que escrevi sobre o assunto.

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  • O desafio da sustentabilidade no Brasil

    O Brasil, representado pela presidente Dilma Rousseff, se comprometeu nas Nações Unidas a alcançar o desmatamento ilegal zero até 2030, fazer o reflorestamento ou restauração de 12 milhões de hectares, recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e com 5 milhões de hectares para a integração lavoura-pecuária-floresta. Na área de energia, o governo mantém o compromisso de ter 45% de fontes renováveis e a manter 66% de fonte hidrelétrica, 23% de outras fontes como solar, eólica e biomassa.

    Sem dúvida, um grande desafio para os brasileiros. Associado com os 17 objetivos globais de sustentabilidade das Nações Unidas que prevê a erradicação da fome e pobreza, preservação da natureza e redução dos gases de efeito estufa, cria um desafio ainda maior para a nação.

    O Brasil enfrenta severas dificuldades conjunturais, tais como a desindustrialização, a reprimarização da economia, uma gigantesca massa de pessoas vivendo nas periferias das cidades sem perspectivas de melhoria de vida e uma precária educação que nos impede de ter competitividade no cenário global, podendo tornar os acordos de livre comércio com outros países ainda mais prejudiciais para o nosso país.

    O desafio de reflorestar e recuperar 32 milhões de hectares e, ao mesmo tempo, ampliar nossas exportações de alimentos para o mundo requer um esforço para aumentar a produtividade no campo e na melhoria significativa da infraestrutura de armazenamento e de transportes das nossas commodities. Para atingir esse objetivo, além de recursos financeiros, o país precisa melhorar, significativamente, sua capacidade de gerenciamento de grandes obras e adotar projetos inovadores para aumentar a produtividade e reduzir nossos custos operacionais.

    Os economistas mais pessimistas comentam que o Brasil poderá levar até 10 anos para ter uma normalidade econômica, depois do desastre das decisões erradas que o governo tomou na condução da sua política econômica. Essa previsão pode desestimular investidores nacionais e internacionais na implantação de projetos para atingir as metas propostas.

    Para conseguir limitar áreas de desmatamento, mesmo legais, para ampliar nossa capacidade de plantio e pecuária, teremos que investir, pesadamente, na agricultura de precisão. É verdade que as novas tecnologias de Big Data, Internet of Things e Drones conseguem reduzir os custos de análise e monitoramento das plantações e áreas de pastagem, porém para atingir um alto nível de adoção de novas tecnologias e práticas devemos ter profissionais no campo altamente capacitados. Cenário com baixa probabilidade de acontecer devido ao baixo aproveitamento escolar das escolas públicas, demonstrada nos estudos de aproveitamento escolar do próprio governo.

    Além disso, enfrentamos mudanças climáticas observadas pelos próprios agricultores que afirmam não ser mais possível prever o clima como no passado. Investimentos em cenários em mudança exigem cautela.

    Investir em energia renovável no Brasil fora de programas incentivados pelo governo, assegurando leilões exclusivos para cada tipo de geração da matriz energética é arriscado, reduzindo dessa forma a livre iniciativa de autoprodução de energia. A promessa de manter em 66% a geração por hidrelétricas, considerando que nossos reservatórios não atingirão os níveis de água do passado, teremos que investir em PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) que usam fio d’água para suas turbinas. Entretanto, isso só se justifica com o aumento da demanda de energia que está associado, diretamente, com o crescimento econômico e a volta do crescimento da produção da indústria, que hoje vive um cenário adverso.

    O brasileiro é criativo para se ajustar a situações adversas, porém a história tem mostrado que temos dificuldades em implantar projetos de inovação, onde transformamos uma boa ideia em um produto para o mercado ou uma solução para aumentar a produtividade. No nosso caso, sem inovação não atingiremos os objetivos propostos pelas Nações Unidas até 2030.

    Por outro lado, se observamos os índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil nos últimos 20 anos, vemos que evoluímos consideravelmente. Bem verdade que fomos beneficiados pelo alto preço das commodities no mercado internacional e ao câmbio favorável. Infelizmente, esse cenário mudou. As commodities estão em baixa e o Real teve uma das maiores desvalorizações no mundo, ganhando apenas do Rubro russo.

    Uma transformação dessa magnitude no pais exige uma forte liderança, um objetivo nacional claro e tangível, confiabilidade nas instituições, qualificação da mão de obra, segurança pública eficiência, infraestrutura apropriada e capacidade de investimento. A melhoria da saúde é uma consequência das outras melhorias.

    Vamos em frente!

  • Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

      
    Objetivos Globais da ONU

    Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares

    Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

    Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades

    Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

    Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

    Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos

    Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos

    Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos

    Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação

    Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles

    Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

    Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

    Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos

    Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável

    Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

    Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

    Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável