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Autor: Eduardo Fagundes

  • A era dos carros autônomos e compartilhados

    O anúncio de negócios da Ford com a Amazon e a DJI para a digitalização dos carros e integração com dispositivos domésticos e drones mostra que o mundo está mudando. A Ford entende que tem que sair do negócio de “carros” e entrar no negócio de “mobilidade”. Ela já lançou uma linha de bicicletas. A GM já está investindo em um serviço similar ao Uber.

    Um dos projetos com a chinesa DJI é integrar informações de drones com o motorista em áreas de difícil acesso. O projeto usando uma F-150, um drone sobrevoa uma área desconhecida e indica para o motorista qual o melhor caminho a seguir.

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    A mudança do paradigma de mobilidade já era percebida a tempos, o Uber é uma das ondas dessa mudança. O serviço de compartilhamento de veículos Zipcar já existe nos Estados Unidos há muito tempo, um dos percussores desse novo conceito.

    As montadoras já estão sentido a redução de vendas de carros e a mudança do conceito de “possuir” um carro. Os jovens não estão mais dispostos a investir seus salários em “aço” para ficar a maior parte do tempo parado. O conceito é contratar um serviço de mobilidade confortável e barato. O Uber se encaixa perfeitamente dentro desse conceito. Se quiserem algo mais pessoal podem alugar um carro, escolhendo o tipo, tamanho e outras características que se adequem para aquela viagem especifica.

    Essa mudança de conceito traz profundas consequências nas cidades e devem ser tratadas hoje. Os planos diretores das cidades que contemplam novas avenidas e viadutos devem ser reconsiderados.  Se a tendência é reduzir o número de carros na rua, não há necessidade de investir na ampliação da malha viária para carros, e sim investir em transportes públicos e incentivos a bairros inteligentes, onde as pessoas moram perto do trabalho.

    Mark Fields, CEO da Ford, anunciou na CES 2016 que a integração de sua solução software Ford SmartDeviceLink com Amazon. O grande desafio é criar uma plataforma que permita a integração da maioria das funções do carro. Uma delas é permitir que os motoristas possam controlar seus carros remotamente.

    A Ford anunciou que a Toyota começará a usar o Ford SmartDeviceLink e espera que outras rivais façam o mesmo. A Ford está em discussões com a Honda, Mazda e Subaru que podem considerar adotar a plataforma.

  • Drones autônomos para passageiros

    Ainda estamos discutindo a regulamentação dos drones e carros autônomos e já estão lançando um drone autônomo para um único passageiro. A chinesa (eles estão em todas) EHang anunciou um veículo autônomo chamado 184 que deverá ser lançado em um futuro próximo. A estimativa de custo deve ser entre US$300.000 a US$400.000. A ideia é comercializar o veículo daqui a três a quatro meses. Entretanto, a EHang ainda precisa de aprovação da FAA, agência aeronáutica americana. O veículo tem uma autonomia de voo de 23 minutos no ar, ou cerca de 16 quilômetros.

    O veículo aéreo autônomo da EHang 184 é revelado no estande da EHang na International CES, quarta-feira, 6 de janeiro de 2016, em Las Vegas. O drone é grande o suficiente para caber um passageiro humano. (AP Photo/John Locher)

    A mobilidade é o grande desafio das cidades. Acredito que a melhor solução ainda é morar perto do trabalho. Entretanto, existirão situações que será necessário se descolar entre um hub e outro. Os veículos individuais autônomos com uso por demanda é uma das soluções. Será possível se deslocar com mais segurança e sem stress dos motoristas.

    Um desenho animado da década de 60, The Jetsons, conta a história de uma família no futuro que morava em um apartamento nas alturas. A casa tinThe-Jetson-1ha todas as facilidades para reduzir o trabalho do cotidiano das pessoas, com robôs para as tarefas domesticas e geringonças automáticas para preparação de comidas, banhos e pentear cabelos. Ao que parece estão evoluindo (sic) para o cenário dos Jetsons.

     

  • Estamos nos preparando para os carros elétricos?

    A Audi anunciou que irá aumentar a oferta para um quarto o número de carros elétricos nos Estados Unidos até 2026. Atualmente, a Audi vende cerca de 200 mil carros nos Estados Unidos.

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    A Audi é uma marca de luxo da gigante alemã Volkswagen, recentemente envolvida em um escândalo por ter trapaceado em testes de emissão de gases de seus carros nos Estados Unidos e, provavelmente, em outros países. O governo americano está cobrando uma multa de US$20 bilhões por essa trapaça.

    Atualmente, a Audi comercializa um carro hibrido, o e-tron, e vem avançando no desenvolvimento de novas tecnologias de baterias.

    A data de 2026, daqui a 10 anos, nos indica que teremos uma nova geração de carros elétricos acessíveis para os consumidores em geral.

    A questão é se estamos nos preparando para carregar as baterias desses carros que exigirá um novo perfil da infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia. Hoje no Brasil, estamos lutando para manter a infraestrutura funcionando, que por sorte do setor elétrico, a recessão econômica está ajudando na estabilidade do sistema elétrico.

    Imagine o cenário que o proprietário de um veículo elétrico chegue em casa e ligue o carro na tomada para carregar a bateria. Se uma multidão de pessoas fizer ao mesmo o impacto na demanda de energia será imenso, exigindo uma capacidade extra de geração de energia. Um outro cenário é carregar o carro elétrico na garagem do estacionamento do trabalho. Em qualquer cenário será necessário uma adequação da infraestrutura do sistema elétrico.

    Existe ainda um outro cenário, onde os carros serão carregados no trabalho e utilizados para fornecer energia nas casas.

    Acredito que se iniciarmos os estudos e preparar a infraestrutura a partir de agora, não teremos restrições de uso dos carros elétricos no futuro. Vamos aguardar…

  • A injustiça social da desigualdade

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    A desigualdade social cresce no mundo. O relatório do banco Credit Suisse de 2015 sobre a riqueza global, mostra que a concentração de renda mundial alcançou níveis tão críticos quanto o do mundo industrializado antes da Primeira Guerra Mundial.

    Em vários países a limitada recuperação da economia após a crise de 2008 fez com que a riqueza fluísse para os bolsos dos privilegiados, enquanto as classes médias e popular ficaram ainda mais pobres pela estagnação dos salários reais, o aumento do desemprego e o maior endividamento.  Na Espanha, por exemplo, o número de milionários em dólares cresceu de 127,1 mil em 2008 para 178 mil em 2014, enquanto a a renda per capita caiu de 35,6 mil para 30,3 mil, o desemprego subiu de 11% para 26% e a dívida publica saltou de 39,4% para 99,3% do PIB.

    Nos Estados Unidos, o 1% mais rico absorveu 95% do crescimento após a crise financeira e o empobrecimento da camada inferior reflete-se até na mortalidade.

    O efeito do crescimento das dívidas na riqueza líquida foi tão forte que hoje há entre os 10% mais pobres mais europeus e norte-americanos do que chineses. Nem todos vivem na miséria, mas vivem em situação precária onde uma nova crise ou doença inesperada desequilibrará seu padrão de vida.

    Reunindo os 85 mais ricos (com 13,4 bilhões ou mais) iguala-se a renda de 3,7 bilhões de seres humanos (2,4 bilhões de adultos), cujos patrimônios somados igualam os mesmos 2,1 trilhões de dólares.

    Comparando em termos mundiais, a “classe média” brasileira é composta pelas camadas A2 (3,6%) e a metade superior da B1 (9,6%). A camada A1 conta com 0,5% da população.

    Se a lógica se confirmar (embora na economia a lógica é relativa) podemos inferir que a atual crise econômica que o Brasil atravessa a riqueza fluirá para os mais ricos e os pobres ficarão ainda mais pobres. Isso significa que será neutralizado todos os avanços sociais que conseguimos nas últimas décadas.