Data Centers para Cloud Computing devem estar em zonas desmilitarizadas?

O governo da Indonésia ameaçou bloquear os serviços de mensagens e de Internet do BlackBerry (RIM) alegando “ameaça à segurança” com a recusa da empresa de hospedar seus servidores no país. Muitos governos colocam restrições sobre a hospedagem de dados, principalmente financeiros, fora de suas fronteiras com a justificativa de “segurança nacional”. Essa politica acaba restringindo as aplicações de Cloud Computing em escala global. A logística e os custos de implantação e operação de data center de alto desempenho e segurança só se justificam para grandes volumes de transações. Pulverizar o processamento implica em aumentar os custos por transação e geram um impacto ambiental importante. A pergunta é quem deveria legislar sobre os data centers? O país onde ele está instalado ou eles poderiam ser instalados em zonas desmilitarizados sob acordos internacionais?

A pressão por redução de custos leva as empresas a contratar serviços baratos adequados a suas necessidades. O fenômeno dos produtos chineses é um claro exemplo. O mesmo fenômeno acontece com a Amazon AWS (Amazon Web Services). Seus custos são tão competitivos que empresas de todo o mundo utilizam seus serviços. Isso concentra o tráfego internacional de várias aplicações na rede americana, que se monitorada estatisticamente, poderia revelar tendências de comportamento internacional. Aparentemente, ninguém se preocupa com isso, pois sabem que os Estados Unidos têm fortes regras de confidencialidade. Será que as empresas teriam a mesma tranquilidade se o serviço estivesse hospedado em um país onde as instituições governamentais são instáveis e duvidosas? Creio que não.

Por outro lado, se fossem criadas zonas desmilitarizadas para a instalação de data centers com fortes acordos internacionais de segurança e garantias de sigilo das informações seria possível criar grandes condomínios de data centers ao redor do mundo. Essas zonas desmilitarizadas poderiam ter incentivos para investimentos e algumas isenções de impostos. Para isso se concretizar seria necessário que os governos estabelecessem acordos globais ou regionais. Por exemplo, um acordo entre os países da América do Sul.

Em um primeiro momento teríamos uma competição entre os países para hospedar os condomínios de data centers. Essa disputa reduziria os custos de implantação com prováveis financiamentos do governo local. Certamente, a região teria um enorme desenvolvimento em seu contorno. O benefício da redução de custos seria estendida para todos os usuários desses condomínios em outros países e seria um impulsionador para novos negócios locais e internacionais com preços competitivos internacionais. Ou seja, ninguém perderia com essa estratégia. Essa estratégia de condomínios de data centers, também, poderia ser adotada dentro de um país.

Acredito que essa discussão poderia ser estendida e avaliada para o desenvolvimento de novos negócios, benefícios para os usuários finais, impacto ambiental e inclusão social.