O desafio da transformação da matriz energética

Apesar do eloquentes discursos sobre a necessidade de investimentos em energia renovável para minimizar as mudanças climáticas na COP21 em Paris, o desafio para transformar a matriz energética é gigantesco. Não apenas no campo da tecnologia, mas na economia e política.

No campo da tecnologia, para usar energia eólica e fotovoltaica temos que avançar na digitalização do sistema (Smart Grid). As fortes variações de frequência de geração de energia criam pertubações significativas na rede que podem levar ao desligamento automático de sistemas integrados. Para se ter uma ideia, a variação de geração de energia eólica pode variar de 100% para 10% em apenas 3 segundos.

Outro ponto sobre tecnologia são as discussões sobre geração de energia centraliza e descentralizada. Tanto do ponto de vista técnico como econômico a geração centralizada é mais simples e barata. A geração distribuída e acoplada a sistemas elétricos integrados necessita de grandes investimentos em automação e controle para evitar falha no serviço. O uso de baterias de grande capacidade, que além de armazenar energia ajudam na estabilização do sistema, são caras e com produção limitada.

Do ponto de vista econômico, substituir a energia gerada através de carvão, óleo e gás significa pesadíssimos investimentos. Atualmente, cerca de 80% da energia gerada no mundo usa combustíveis fosseis. Além disso, em alguns países ainda existem subsídios para energias de alta emissão de carbono. Aliás, uma tremenda distância entre o discurso ambiental e a prática.

Na esfera política as escolhas são difíceis. Veja o caso do Brasil, qual a melhor opção? Usar o dinheiro público (Tesouro Nacional ou altos preços dos combustíveis) para salvar a Petrobrás, garantindo os royalties de Estados e municípios, a manutenção dos empregos, os investimentos realizados e planejados e o poder de barganha dos políticos ou redirecionar os investimentos para geração de energia renovável, incluindo financiamentos e subsídios?

Apesar dos investimentos em projetos de petróleo estarem em declínio nos últimos dois anos, ainda têm uma parcela importante no contexto global de energia.

O fato é que temos que investir em geração, transmissão e distribuição de energia para atender a crescente demanda. Cada vez mais a energia é fonte de crescimento econômico e alavancador de novas tecnologias, produtos e serviços.

Parte da solução está na digitalização do sistema elétrico (Smart Grid) para melhorar o controle da demanda. Redes inteligentes permitem o uso mais eficiente de energia e, consequentemente, reduz e aproveita melhor os recursos de geração.

Uma discussão interessante sobre transformação de energia foi realizada no Fórum Econômico Mundial 2016 em janeiro em Davos.