Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Objetivos dos empresários brasileiros para 2015

    Uma pesquisa da ABRASCA, Associação Brasileira das Companhias Abertas, mostra que 73% dos empresários acreditam em um crescimento da economia superior a 1% em 2015. Foram pesquisadas 65 empresas da BM&FBovespa que representam 70% do valor total da bolsa. Nessa pesquisa, 24% afirmaram que aumentarão os investimentos em 2015, 50% manterão os investimentos de 2014 e 26% reduzirão os investimentos. Dos empresários consultados, 47% temem a alta da inflação, 43% acreditam na estabilidade e 9% apostam na redução. Estão preocupados com os aumentos dos preços de itens de consumo controlados, como o da energia, que deverão aumentar acima da inflação geral. Os aumentos dos preços dos produtos e serviços, dificilmente, conseguirão ser repassados para os consumidores. Dentro deste contexto, seus objetivos deverão ser: melhorar a qualidade dos produtos; lançar novos produtos; racionalizar processos; e, reduzir os custos com mão de obra.

    Melhorar a qualidade dos produtos implica em desenvolver programas para identificar as causas raiz dos problemas, planejar melhorias, implanta-las e medir seus resultados. Isso requer metodologia, treinamento, engajamento dos funcionários, feedback rápido dos clientes e acordos com os atuais fornecedores ou busca de novos. A melhoria da qualidade nos produtos e serviços gera redução de custos. O investimento em qualidade tem retorno garantido.

    Em uma economia com baixo crescimento e incertezas com relação a manutenção do emprego, os consumidores deverão substituir alguns itens por similares mais baratos. Lançar produtos apenas com atributos essenciais e mais baratos garante a fidelidade dos clientes e evita que eles busquem alternativas na concorrência.

    Acredito que depois de anos difíceis as empresas estão operando no limite. Executam apenas os processos vitais para a manutenção das operações e para atender as conformidades legais. Nessa fase, para racionalizar processos é pensar em inovação e mudanças de paradigmas por completo. Imagino que para as companhias de capital aberto, não exista mais espaço para melhoria contínua de processos, a única alternativa é a transformação de processos.

    Para reduzir custos com mão de obra, a princípio, existem três alternativas: aumentar a produtividade com novas ferramentas e processos, contratar funcionários com salários menores ou contratar serviços especializados para substituir alguns processos internos. Acredito que a combinação das três alternativas traga resultados mais positivos.

    Neste cenário, 2015 será mais um ano de desafios que poderá ser superado com inovação, tecnologia e transformação de processos, não esquecendo a sustentabilidade ambiental.

    Desenvolvi um curso online gratuito sobre inovação que poderá ajudar no planejamento e inovação de produtos e processos. Link: http://www.efagundes.com/webcast/index.php/processo-para-inovacoes-disruptivas/

    Outro curso online gratuito é sobre Reengenharia de processos de negócios que poderá ajudar no planejamento. Link http://www.efagundes.com/webcast/index.php/como-fazer-uma-reengenharia-de-processos-de-negocios/

     

     

     

  • Manufatura Inteligente e a Internet das Coisas

    Um estudo da American Society for Quality (ASQ) de dezembro de 2013 mostrou que apenas 13% das empresas de manufatura usavam conceitos e tecnologias de manufatura inteligente (Smarter Manufacturing) nas suas operações, nos Estados Unidos. Das empresas que adotaram, 82% melhoram sua eficiência, 49% reduziram os defeitos de seus produtos e 45% melhoram a satisfação de seus clientes.

    As soluções baseadas em Internet of Things (IoT) são fundamentais para a implementação de Smarter Manufacturing. Apesar das empresas de manufatura já adotarem sensores e automação em suas linhas de produção há várias décadas, os sensores, os controladores lógicos programáveis (PLC) e os sistemas de gestão estão, em sua grande parte, estão desconectados dos sistemas integrados das empresas. Funcionam como silos e, raramente, trocam informações com os sistemas internos. Existem vários motivos para esses sistemas legados não se integrarem com outros sistemas, entre eles questões de segurança e uso de arquiteturas proprietárias.

    Entretanto, a busca de produtividade para aumentar a qualidade e a redução de custos para enfrentar a alta competitividade internacional, está obrigando as empresas a adotarem padrões abertos de comunicação que possibilitem a integração das informações da linha de produção com outros sistemas para apoiar analises avançada de dados, Big Data, M2M e IoT.

    A Internet of Things (IoT) permite a troca de dados com sensores acoplados a qualquer componente físico através da Internet ou outras redes sem fio. O uso de IoT está crescendo, exponencialmente, em aplicações e dispositivos para consumidores finais. Isso está levando a uma redução considerável dos preços dos sensores e ampliando a oferta de diferentes soluções.

    Essa redução de custos dos dispositivos de IoT cria uma enorme oportunidade para a substituição dos atuais, caros e pouco flexíveis, sistemas de automação industrial. Isso significa que na próxima avaliação orçamentária para alocar recursos para a manutenção ou atualização tecnologia dos atuais sistemas, deve-se avaliar a substituição dos sistemas legados por uma solução baseada em IoT.

    A coleta sistemática de grandes volumes de dados de centenas ou milhares de sensores em vários pontos da linha de produção com integração com dados de sensores no sistema de transporte da cadeia de fornecedores, analisados em tempo real, usando ferramentas avançadas de análise de dados e Big Data, resultará em um salto de qualidade, previsibilidade e redução de custos inimaginável, se comparado com os atuais sistemas de gestão.

    A consequência de uma gestão de ativos ampliada através de sensores com IoT é ter um sistema proativo de manutenção e oportunidades para reduzir custos com energia.

    Por todos os lados que se analise, as vantagens da manufatura inteligente com o uso de soluções de IoT são atraentes. Agora, cabe aos executivos das empresas de manufatura e aos fornecedores de soluções de automação industrial quebrarem paradigmas e avançam para um novo patamar da indústria, antes que os concorrentes o façam.

  • Indicadores de sustentabilidade e eficiência energética para data centers

    Cada vez mais as empresas líderes estão aderindo, voluntariamente, a compromissos de responsabilidade social e preservação do meio ambiente. Essa iniciativa, obrigatoriamente, deve envolver suas cadeias de fornecedores, pois são responsáveis pelas matérias primas e componentes que integram de seus produtos e serviços. A demanda por energia e água para os data centers é significativa e deve ser tratada com atenção, tanto para a infraestrutura interna como nas contratações de serviços externos.

    Segundo estudos do Greenpeace, os data centers e os equipamentos de computação em geral consumem 1,5% da energia global e emitem cerca de 2% dos gases do efeito estufa (CO2 e outros gases). Portanto, geram um significativo impacto nas mudanças climáticas. Em muitos países ainda se utiliza o carvão como principal combustível para geração de energia, gerando toneladas de gases e resíduos poluentes.

    No Brasil, a matriz energética é baseada em geração hídrica (63,09%), térmica (28,35%), eólica (3,29%%) e outras fontes renováveis. Em decorrência da grande estiagem de 2014 que reduziu o volume de água dos lagos de reserva das hidrelétricas a geração de energia das termelétricas vem aumentando. Consequentemente, aumentando a emissão de gases de efeito estufa.

    Empresas que operam no Brasil e usam serviços de processamento de dados no exterior devem computar a emissão de gases do efeito estufa em sua conta de poluição ambiental. No Brasil, as empresas que utilizam energia das concessionárias de distribuição, chamados consumidores cativos, devem considerar o aumento do uso das termelétricas na sua conta de poluição. O impacto disso é a necessidade de aumentar as iniciativas para neutralização do carbono, resultando em mais investimentos e despesas.

    Nesse contexto, é fundamental uso de indicadores para medir e avaliar o desempenho e impactos ambientais dos data centers. Segue uma recomendação de indicadores para os data centers internos e para serem incluídos nas RFPs (Request for Proposal) para a contratação de serviços de data centers:

    • PUEPower Usage Effectiveness (eficiência energética). O indicador PUE é uma medida da energia total do data center dividido pelo consumo de energia dos equipamentos de TI. A recomendação é medir a energia consumida pelos equipamentos de TI na saída da unidade de distribuição de energia (PDU) ou na saída da fonte de alimentação ininterrupta (UPS). A medição da energia total do data center deve ser no ponto de distribuição central para incluir refrigeração, iluminação e infraestrutura de apoio, além das cargas dos equipamentos de TI;
    • GECGreen Energy Coefficient (coeficiente de energia verde). O indicador GEC quantifica a parcela de energia de um data center que vem de fontes verdes. O GEC é computado como a energia verde consumida (medido em quilowatt-hora ou kWh) dividida pelo total de energia consumida pelo data center (kWh). Para efeitos do GEC, “energia verde” é definida como qualquer forma de energia renovável certificada por uma autoridade oficial;
    • ERFEnergy Reuse Factor (fator de reutilização de energia). O indicador ERF identifica a parcela de energia que é exportada para a reutilização para fora do data center. O ERF é calculado como a energia reutilizada dividido pela energia total consumida pelo data center;
    • CUECarbon Usage Effectiveness (Uso eficaz do Carbono). O indicador CUE permite a avaliação das emissões de gases do efeito estufa totais de um data center em relação ao seu consumo de energia de TI. O CUE é calculado como o total de emissões equivalentes de dióxido de carbono (CO2eq) do consumo de energia do data center dividido pelo total de consumo de energia dos equipamentos de TI;

    O ideal é que o monitoramento desses indicadores seja feito de forma automática através de um software DCIM (Data Center Infrastructure Management), que possibilita a integração dos dados da infraestrutura predial e computacional.

    As pressões dos clientes e a legislação ambiental, mais cedo ou mais tarde, obrigará as empresas a adotarem mecanismos de medição e ações para a redução do consumo de energia e redução dos gases de efeito estufa. Melhor começar de forma voluntaria para obter uma curva de aprendizado e de investimentos sem pressão de tempo.

  • Telecomunicações, ainda existe espaço para reduzir custos

    Ainda é possível reduzir os custos de telecomunicações entre 10% e 50% nas organizações através da tecnologia, processos e políticas de uso. O uso de tecnologia IP para chamadas de voz reduz consideravelmente os custos de telefonia. A substituição de processos que usam telefone por aplicativos móveis reduz custos e melhora a produtividade das equipes. Mapear os custos de telecomunicações nos processos produtivos evita a bitributação do ICMS. Analisar, detalhadamente, as faturas das concessionárias de telefonia fixa e móvel identifica erros de tarifação e permite ressarcimento em faturas futuras. Investir em um sistema de gestão de telecomunicações traz redução de custos no curto prazo.

    O primeiro passo é mapear os custos de telecomunicações por tecnologia e suporte das áreas de negócios. Para serviços de voz, é importante ter um sistema de tarifação interno das chamadas de voz. Para as empresas que ainda possuem PABX físico é necessário a contratação de um software de tarifação.  A medição interna permite auditar os dados das contas do serviço de voz das concessionárias para identificar pagamentos indevidos, além de controlar as ligações particulares e conhecer os principais locais de interesse de tráfego.

    Conhecendo o perfil do tráfego de voz é possível negociar novos planos com as concessionárias para garantir melhores tarifas, fazer análises de novas soluções e tecnologias, planejar o dimensionamento da infraestrutura e rever os processos e políticas de uso dos serviços de voz.

    Ter um conhecimento detalhado do perfil de tráfego é fundamental no processo de negociação com as concessionárias. Por exemplo, se a empresa planeja migrar para o serviço de voz por IP pode negociar vantagens na contratação de links de Internet ou privados usando a minutagem de telefonia para barganhar melhores preços.

    Buscar a matriz ótima de tecnologia e serviços de voz não é uma tarefa fácil. Existe uma variedade de serviços e tecnologias com preços diferenciados que combinados podem oferecer a melhor relação custo-benefício.

    Usar as mais recentes tecnologias trará retorno rápido do investimento se combinado com novas ferramentas de colaboração para melhorar a produtividade da comunicação interna e externa. Conseguir tarifas vantajosas para a telefonia convencional pode ser neutralizada pelos custos de manutenção dos PABXs antigos. Usar serviços de IP se os locais de interesse de tráfego estão concentrados na região metropolitana podem não ser interessantes economicamente.

    Os serviços de dados têm um papel crítico na infraestrutura de telecomunicações, pois eles permitem o transporte de voz, dados e imagem. O monitoramento do tráfego de dados dos links de Internet é vital para manter a produtividade das equipes internas. Links subdimensionados causam lentidão nos acessos, limitando o trabalho diário e podendo gerar horas-extras para a conclusão de determinadas atividades. Isso significa que a economia nos links é neutralizada ou destruída pelo baixo desempenho das equipes internas.

    A comunicação entre filiais pode ser otimizada com equipamentos de compressão de dados que permitem a contratação de links com taxas menores de transmissão. Apesar do uso da Internet segura ser uma excelente alternativa, algumas empresas exigem qualidade do serviço de voz e desempenho dos aplicativos, isso pode definir o uso de redes privadas com tecnologias que assegurem o QoS (Quality of Service), como os serviços de redes MPLS. Esses serviços permitem vídeo conferência com qualidade, uma vez que é possível definir o tempo de entrega dos pacotes, evitando congelamento da imagem.

    Concluindo, a implantação de um sistema de gerenciamento de telecomunicações é fundamental para ações de redução de custos, melhoria da qualidade dos serviços e no planejamento da infraestrutura com retorno de investimento de curto prazo.

  • DevOps: resposta rápida de TI ao feedback dos clientes

    Provavelmente, você conhece histórias de executivos reclamando que a TI não atende com rapidez as mudanças de mercado, as necessidades dos clientes e aos novos produtos da concorrência. O fato é que os sistemas tradicionais, incluindo os ERPs, não são flexíveis o suficiente para atender as demandas de mercados altamente competitivos. Na verdade, eles não devem ser, pois sua função é garantir a execução de processos estáveis e robustos, oferecendo confiabilidade para as informações corporativas. Para atender a dinâmica de mudanças do mercado e exigência de interatividade direta dos clientes com o negócio precisamos de uma nova abordagem de desenvolvimento de sistemas – os sistemas para engajamento dos clientes. Conseguimos isso adotando a metodologia de desenvolvimento de software DevOps, que aumenta a comunicação entre os desenvolvedores de novos softwares e os profissionais de TI responsáveis pelos sistemas tradicionais.

    A metodologia DevOps (abreviação de desenvolvimento e operação) é uma abordagem baseada em métodos ágeis e enxutos de desenvolvimento onde os executivos de negócios, desenvolvedores, pessoal operacional e de garantia de qualidade colaboram para entregar softwares de forma incremental e continua para aproveitar as oportunidades de mercado e reduzir o tempo de entrega de melhorias a partir do feedback dos clientes.

    O uso crescente de aplicativos móveis e a maturidade de aplicações web exige uma solução para desenvolvimento de software que atenda as expectativas dos clientes finais. Esses clientes exigem software para interagir, diretamente, com o negócio da empresa. Os softwares devem ser fáceis de usar, ter alto desempenho e permitir mudanças rápidas para acompanhar a evolução do mercado e, principalmente, deve ter foco na experiência do cliente.

    Esse novo contexto, cria duas categorias de softwares: os softwares de gestão de registros corporativos e os softwares de engajamento com os clientes.

    O DevOps exige profissionais com novas habilidades e perfil. Obvio, que o processo é importante, porém o que atrairá os clientes será o requinte do design e a navegabilidade do aplicativo, associado com uma ideia inovadora. Diferente de tempos passados, onde o pessoal de TI desenvolvia telas quadradas e treinavam os usuários para opera-las, custe o que custar.

    Sistemas de engajamento não ilhas isoladas e, na maioria das vezes, dependem dos sistemas tradicionais, resultando na necessidade de mudanças. Isso exige uma revisão das metodologias de desenvolvimento dos sistemas tradicionais para acompanhar a flexibilidade e velocidade dos sistemas de engajamento de clientes.

    A inovação impulsionada pelas novas tendências tecnológicas, como Cloud Computing, Big Data, Internet of Things, aplicações móveis e redes sociais, exige novos métodos de desenvolvimento de sistemas. O DevOps é uma solução adotada pelas principais empresas que atuam no mercado de Internet.

  • Modelo de Custeio ABC para Cloud Computing

    Em mercados altamente competitivos o custo é a chave do sucesso. Bom, dizer isso é chover no molhado. A grande questão é como controlar e analisar o impacto da infraestrutura e dos serviços diretos e indiretos no custo dos produtos. Métodos tradicionais de contabilidade de custos na alocação de custos indiretos com base no volume não atendem mais os novos cenários de negócios. Esses métodos geram imprecisão na alocação, tendem a ser superestimados para grandes volumes e subestimados para pequenos volumes. Para tornar os cálculos de alocação de custos mais precisos recomenda-se o uso do método de custeio ABC (Activity based Costing) que faz o tratamento dos custos indiretos, através da análise das atividades, dos seus geradores de custos, e dos utilizadores. Enquadra-se nesse contexto os custos dos serviços de computação em nuvem – Cloud Computing.

    Para começar temos que analisar os custos de TI na empresa sob a ótica do custeio ABC. Pegar o volume de produtos produzidos e dividir pelas despesas de TI na organização, apenas oferece um valor referencial e não pode ser utilizado para custeio. Para gerenciar melhor a lucratividade dos produtos é necessário identificar e analisar a alocação dos custos de TI baseado nas atividades que são executadas.

    A ideia básica é definir o custo das atividades e, posteriormente, usar os custos das atividades nos produtos de forma ponderada. Com isso, encontramos os custos das pessoas, tecnologias, materiais, práticas de gestão e infraestrutura em cada atividade.

    Existem cinco etapas para a análise do custeio ABC:

    1. Definir objetos de custo, atividades indiretas e recursos utilizados nas atividades indiretas;
    2. Definir os custos por atividade indireta;
    3. Identificar os geradores de custos dos recursos;
    4. Calcular o custo total indireto por produto para cada tipo de objeto de custo;
    5. Dividir os custos totais por quantidade para custo indireto por objeto de custo individual.

    Definimos como objeto de custo os produtos, clientes, serviços ou qualquer outra coisa que possa ser contabilizada.

    Uma organização de TI trabalha com múltiplos objetos de custos, tais como serviço de suporte ao cliente final, ponto de processamento individual (desktop e notebook), impressoras departamentais, telefone, acesso remoto, sistemas de aplicação, data center, etc.

    Para cada um dos objetos existem várias atividades associadas para prestar o serviço ao cliente final, tais como central de atendimento, centro de monitoração de rede, operação dos computadores, desenvolvimento de sistemas, manutenção de sistemas, segurança lógica dos dados, etc. (Veja o meu artigo Modelo de Custeio ABC para TI).

    Conhecendo os objetos de custos e suas atividades fica mais fácil comparar com os serviços de Cloud Computing.

    O conceito amplo de custo Cloud Computing é ter custo por demanda. Entretanto, existem atividades nesse objeto de custo que não variam de acordo com a demanda. Por exemplo, o custo de setup de uma máquina virtual é fixo. O que irá variar é a quantidade de setups necessários ao longo de um período, considerando previsões de aumento da quantidade de transações eletrônicas em datas de grande consumo (Dia da Mães, Dia da Crianças, Natal, etc.).

    Acredito que a resistência a adoção de Cloud Computing não resiste a comprovação da sua eficiência na redução de custos dos produtos da empresa. O desafio é demonstrar de forma clara e objetiva os custos de TI nos produtos e uma análise consistente dos impactos das novas tecnologias.

  • Os 3 vetores do planejamento empresarial: sociedade, economia e política

    O empreendedor deve estar atento aos movimentos da sociedade, da economia e da política. Esses três vetores são a base para o planejamento empresarial e variam de acordo com a maturidade da sociedade, a robustez da economia e as tendências ideológicas do governo. Entendendo essas influências é possível desenvolver negócios lucrativos.

    Não existe ambiente ruim para os empreendedores. Existem oportunidades para novos negócios. O que destaca um empreendedor de sucesso é a sua capacidade de identificar e executar negócios em qualquer ambiente social, econômico ou político.

    Os três vetores estão em constante mudança. A cada dia temos uma notícia que pode impactar nosso planejamento. Pode ser um novo comportamento de um grupo de consumidores, a desaceleração da economia na China ou uma nova lei que pode afetar o nosso negócio. Não existe cenário estável. A única certeza que temos é que haverá mudanças.

    Mas, se tudo muda, como fazer o planejamento? A melhor maneira é desenvolver cenários considerando os três vetores. O empreendedor deve ter uma visão holística para poder correlacionar fatos e impactos em cada vetor.

    Por exemplo, se o partido que venceu uma eleição tem um viés socialista e declara apoio a população de baixa renda, isso deve gerar ações do governo para aumentar a renda das pessoas das classes C e D, gerando oportunidades de negócios para produtos de baixo custo.

    Sugiro montar, no mínimo, três cenários para negócios: um ruim, um moderado e outro otimista. Comece pelo ruim, depois o otimista e finalize com o moderado.

    Use seu lado pessimista para elaborar o cenário ruim. Por exemplo, imagine que teremos recessão econômica, greves por melhores salários, aumento de tarifas de serviços públicos e aumento da inflação.

    Usando seu lado otimista pense no mundo ideal para você fazer negócios. Por exemplo, aumento do crescimento econômico, redução da carga tributária, novos acordos bilaterais econômicos para facilitar as exportações e aumento de renda da população.

    Depois pondere os dois cenários e elabore um que você acredita ser o mais viável, o moderado.

    Para cada um deles imagine como sua empresa operaria com seus atuais produtos e serviços. Analise os impactos positivos e negativos. Elabore ações para mitigar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos. No final, você verá que existem ações que podem ser realizadas nos três cenários. Isso garante que você estará preparado para as mudanças.

    Lembre-se inovação, planejamento e execução são essenciais para um empreendedor de sucesso.

  • Uso indevido de informações e seu impacto nos negócios

    Como sabemos a informação é um elemento chave nas organizações. Utilizar informações privilegiadas no mercado financeiro para uso próprio é crime. Nas empresas, o dilema é encontrar o equilíbrio entre a escassez e abundância das informações. Escassez entende-se por restringir o compartilhamento das informações, oposto da abundância. Se restringirmos, nos protegemos de ameaças da concorrência, entretanto, tiramos a vantagem competitiva de colaboração de funcionários, fornecedores e clientes de ajudar na realização dos planos da empresa. Parece existir um consenso entre os profissionais mais experientes que a abordagem correta é o “need-to-know” (compartilhar apenas o necessário). Por outro lado, no mundo da geração Y e Z, parece que a abordagem “need-to-share” (compartilhar tudo) é a que predomina. A questão parece ser trivial, entretanto, se analisada com mais profundidade tem um impacto significativo nas organizações, hoje e no futuro.

    Imagine a situação em que você está trabalhando em uma empresa e tem acesso, mesmo que acidentalmente, a informação que sua empresa fará a aquisição de uma empresa, que como a sua está listada na bolsa de valores. Você com essa informação compra ações da sua e da outra empresa sabendo que elas valorizarão após concretizada a aquisição. Isso poderá ser considerado crime. Mas, afinal de quem é a culpa? Sua ou da sua empresa que não soube classificar e proteger essa informação?

    Ficou em dúvida? A culpa é sua, pois você como funcionário da empresa deve seguir as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Você pode argumentar que o documento que teve acesso ou a conversa teve sobre o assunto não foi classificada como “confidencial”, porém nesses casos isso é implícito.

    Imagine uma outra situação. Você é representante de vendas e tem acesso a todo o cadastro de clientes da sua empresa. Você resolve se desligar da empresa e antes de anunciar sua saída faz um download do cadastro de clientes para utilizar na outra empresa. Isso pode ser classificado como roubo de ativo. Se a outra empresa souber que você está utilizando o cadastro e for conivente, também pode ser envolvida no processo criminal.

    Vamos analisar um outro caso. Você é um especialista em TI de suporte a pré-vendas e fanático por redes sociais. Você tem o hábito de fazer selfies e curtir os locais que visita, incluindo os potenciais clientes. Se existir um concorrente seguindo você nas redes sociais, ele conhecerá todos os clientes que você está trabalhando e poderá criar estratégias para neutralizar seu trabalho e ganhar os projetos.

    Como proteger a empresa dos riscos de vazamento de informações?

    • Estabeleça critérios de classificação da informação;
    • Faça treinamentos e discussões constantes sobre situações que podem colocar a empresa em risco;
    • Crie ambientes segregados por onde circulam as informações. Por exemplo, evitar que os representantes de vendas tenham acesso a todo o cadastro de clientes;
    • Adote a tolerância zero para quem violar as regras de conduta da empresa, independente do cargo, demonstrando que a empresa considera essas falhas intoleráveis.

    Entretanto, nenhum processo de classificação e proteção de dados resiste a vingança de funcionários. Tome as devidas precauções para blindar sua empresa de potenciais conflitos com empregados, principalmente aqueles que tem acesso a informações que se divulgadas inapropriadamente possam prejudicar sua empresa.