Em grandes organizações de TI a redução de 1% das despesas significa muito dinheiro. Tomando por base as despesas operacionais de TI e telecomunicações (TIC) do Bradesco e Itaú-Unibanco podemos avaliar o impacto das pequenas reduções. No último trimestre o Bradesco teve uma despesa consolidada direta em TIC de R$1,86 bilhão e o Itaú-Unibanco de R$1,5 bilhão. No Bradesco a despesa representa 20% das despesas administrativas e no Itaú 24%. Em telecomunicações o Bradesco reduziu a participação de telecomunicações em 1% comparando o mesmo trimestre de 2009, embora as despesas totais de administração tenham crescido 18%. O percentual de despesas em TI sem comunicações permaneceu estável em 8%. No Itaú, as despesas em TIC aumentaram 19% na comparação entre os trimestres desse ano e do ano passado, frente a um aumento de 12% das despesas totais de administração. Acredito que isso tenha ocorrido pela adequação dos padrões de TIC do Itaú nas operações do Unibanco. Em 2010, o Bradesco está investindo R$1,5 bilhão em TIC na modernização e expansão das agências. Atualmente, o Bradesco possui 6.283 agências e o Itaú 4.980, além de milhares de pontos de atendimentos que ambos mantêm no Brasil e exterior. Quando tratamos de números grandes como esses, pequenas ações de redução de custos têm um grande impacto em valores absolutos. Ambos, Bradesco e Itaú, são listados como empresas nível 1 em governança corporativa e por conta disso devem demonstrar o comprometimento com a eficiência nas operações internas. As outras empresas também devem implantar processos que garantam que periodicamente suas despesas operacionais sejam avaliadas através de testes de mercados, pois a tecnologia evolui rapidamente criando oportunidades para redução de custos.
Autor: Eduardo Fagundes
-
Smart Grid resposta para eficiência energética
A geração e distribuição de energia elétrica existem há mais de 120 anos e, praticamente, não houve mudanças significativas na sua tecnologia. Nos últimos anos a busca por eficiência energética tem gerado novos desafios para os engenheiros e sociedade. Os países estão estabelecendo metas para empregar fontes alternativas de energia e de conservação de energia. Outro desafio é conseguir energia ininterrupta e confiável para manter os novos e sofisticados negócios da era da informação. A solução não está apenas na construção de novas usinas de geração de energia e redes de distribuição tradicionais, mas sim em criar uma rede inteligente de energia – smart grid. As primeiras iniciativas de smart grid foram para monitorar a geração e distribuição através de dispositivos remotos. Um dos objetivos foi à redução de custos com mão de obra em campo. Entretanto, o smart grid tem um potencial enorme para trazer outros benefícios, tais como: redução de emissão de CO2, permitir a geração de energia descentralizada, criar tarifas diferenciadas para os consumidores, telemedição, entre outras. Em 2005, a italiana Enel SpA implantou um projeto de smart grid de 2,1 bilhões de euros proporcionando uma economia de 500 milhões de euros por ano. Esse projeto provou a eficácia de projetos de smart grid. No Brasil, algumas experiências foram realizadas nos últimos anos com foco em monitoração.
Recentemente, foi estabelecido um acordo de cooperação entre o Brasil e Estados Unidos para testar novas soluções de smart grid. No lado brasileiro, a CEMIG testará novas formas para utilizar energia na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais. No lado americano, a cidade escolhida foi Richland, no estado de Washington. O governo brasileiro está comprometido com iniciativas de smart grid. Através de programas de eficiência energética está mapeando todas as possibilidades de implantação de smart grid. Esse mapeamento poderá no futuro estabelecer novas regras de relacionamento entre as concessionárias e os consumidores de energia.
-
Precisa-se de Engenheiros
Ontem ministrei uma palestra na abertura da semana das engenharias do Centro Universitário Salesiano (UNISAL) na cidade de Americana, SP. A semana reúne os alunos dos cursos de engenharia elétrica, engenharia de automação e controle e a engenharia ambiental. A palestra apresentou o paradoxo do crescimento, a busca do equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade ambiental. Nessa área as opiniões divergem, alguns acreditam que o mais importante é preservar a natureza e outros prezam o desenvolvimento. Nessas discussões sempre o ponto central deve ser a qualidade de vida das pessoas. Afinal, todos têm o direito ao acesso a padrões de vida mais elevados oferecidos pela tecnologia, entretanto a sustentabilidade do planeta só será conseguida com a preservação dos recursos naturais. A palestra prosseguiu com a explicação do atual cenário econômico e industrial e mostrando o impacto do fator China nos negócios globais. Na sequência foi discutida a importância da engenharia e a escassez de profissionais na área. Salientei a importância da formação de engenheiros e seu fator estratégico na sociedade. Para concluir apresentei algumas dicas para o desenvolvimento da carreira salientando a importância das redes de relacionamento profissionais e da necessidade contínua de melhoria.
[ download da palestra ] -
O lucro vem da área de serviços
A IBM investirá US$1 bilhão na construção de novos data centers na Argentina, China e Egito. A IBM cada vez mais se transforma em uma empresa de serviços. Alias os tradicionais fabricantes de hardware que tem sucesso hoje se transformarão em empresas de serviços: IBM, HP, Unisys, Cisco e Apple. A HP adquiriu a EDS. A Unisys concentra-se em serviços de outsourcing. A Cisco oferece serviços de consolidação de data centers. A Apple possui o famoso serviço de músicas e filmes iTunes.
Na área de serviços o crucial é a gestão de pessoas. Não basta ter apenas conhecimentos tem que existir normas de conduta. Normas de conduta variam de país para país, de cultura para cultura. Empresas globais devem padronizá-las. Esses padrões são levados pelos empregados para a sua vida particular. Caramba! O comportamento mundial será padronizado pelas empresas globais? Talvez não para a vida particular, mas devem ser padronizados para o mundo dos negócios em mercados globalizados.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o governo da Alemanha estão trabalhando juntos para investigar um suporto esquema de suborno da HP. A Justiça da Alemanha acusa o escritório local da HP de pagar €8 milhões a funcionários do governo da Rússia para vencer uma licitação pública de €35 milhões na venda de computadores. Note as questões da globalização, dois governos investigam um suposto ato de corrupção em um terceiro pais. E o mais curioso é que há cerca de 20 anos atrás a Rússia era arquiinimiga dos Estados Unidos e Alemanha Ocidental.
Outro desafio na área de serviços é a gestão do conhecimento. Produzir hardware em série é fácil a partir de um projeto de engenharia e manufatura. Em um processo de manufatura, principalmente os robotizados, você conhece o resultado final. Na área de serviços, mesmo com procedimentos escritos, o resultado depende das pessoas que o executam. Com isso, o treinamento é parte fundamental na área de serviços.
O capital social de uma empresa de serviços é avaliado pelo conhecimento das pessoas que trabalham na empresa. Quando uma empresa é adquirida fica estabelecido em contrato que os fundadores e empregados chaves não podem deixar a empresa por um determinado período. Logo, não basta apenas investir em treinamento. As empresas devem ter políticas de retenção de talentos. Mas, devem também ter políticas para atrair novos talentos.
Ufa! Parece que trabalhar com serviços é mais complicado do que produzir hardware.